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Petrobrás diz que decide preço de gasolina

Com plano de negócios, Petrobrás quer mostrar independência em relação ao governo para tentar atrair parcerias para seus projetos

Por Antonio Pita , e
Atualização:

RIO - Com o plano de negócios apresentado ontem, a atual gestão da Petrobrás tentou reforçar uma “diferença qualitativa” em relação aos planos anteriores: a autonomia frente ao governo. O discurso de liberdade para fixar preços de combustíveis, entretanto, ainda é visto com reserva no mercado. A independência é uma das apostas para atrair investidores para refinarias, um dos principais itens do plano de venda de ativos até 2018. 

“Se quisermos mudar [os preços] hoje, nós mudamos. Chegamos à conclusão recente de que não precisamos fazer mudança de preços já. Mas também não precisamos perguntar a ninguém se decidirmos que temos de mudar”, disse o presidente da estatal, Pedro Parente. Atualmente, os preços de gasolina e diesel da Petrobrás estão acima do cobrado no mercado externo, uma forma de recuperar o caixa.

 Foto: Infográficos/Estadão

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Mesmo com a ênfase do discurso, os investidores têm dúvidas quanto à efetividade da autonomia. “Não está claro. A política vai ser comercial? Se for o caso, ela teria de reduzir os preços no Brasil”, disse o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), que classificou como “vaga” a política de preços. 

Parente afirmou que o “ponto de partida” para a definição dos preços é a paridade internacional. O diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino destacou que a nova política prevê “integração de toda a comercialização” de derivados e a “precificação dos serviços”. 

Parcerias. A sinalização é um recado para investidores. O novo plano de negócios enfatiza a decisão da companhia de buscar “parcerias” para a área de refino, garantindo liberdade aos futuros sócios na definição de preços. O modelo em estudo, segundo Celestino, já foi adotado pela petroleira em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Na época, a companhia vendeu 30% de participação na refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, para a espanhola Repsol YPF. Em 2010, na gestão petista, o negócio foi desfeito. 

“A gente quer uma prática de preços liberada para que os sócios decidam os movimentos a serem feitos”, explicou Celestino. “A parceria Refap/Repsol é um modelo confiável, onde o sócio busca uma prática de preços competitiva e confiabilidade no escoamento da produção.” 

Parente indicou que ainda não há conclusão sobre o modelo de venda de ativos. O executivo confirmou que a estatal deixará as áreas de fertilizantes, biocombustível, petroquímica e distribuição de GLP. “Temos de ter a humildade de reconhecer o que não é nossa especialidade. Vamos nos desfazer desses ativos da maneira correta e não em uma transação apressada.” 

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O modelo de parceria prevê que os sócios aportem recursos nos projetos estimados em US$ 40 bilhões nos próximos dez anos. O volume seria diluído em diferentes elos da cadeia, onde a companhia não tem prioridade em participar. O exemplo citado foi a venda da área de Carcará, no pré-sal, para a norueguesa Statoil.

A área de Exploração e Produção concentra 82% dos investimentos previstos para os próximos cinco anos, mas tem os menores patamares nos últimos anos da companhia. “Conseguimos manter a curva de produção fazendo essa redução de investimentos”, afirmou a diretora da área, Solange Guedes. / COLABOROU LUCIANA COLLET 

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