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Petrobras fecha o primeiro contrato interruptível de gás

Acordo com companhia catarinense será de 1,85 milhão de metros cúbicos por dia

Por Agencia Estado
Atualização:

O aditivo estabelecido pela Petrobras ao contrato de gás natural com Companhia Gás de Santa Catarina (SCGás) constituiu nesta sexta-feira o primeiro acordo interruptível firmado pela estatal com as distribuidoras de gás canalizado. Além da concessionária catarinense, a petrolífera também renegocia os contratos da Companhia Paranaense de Gás (Compagás) e Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás). No total, a parcela interruptível dos novos compromissos será da ordem de 1,85 milhão de metros cúbicos por dia. De acordo com Ildo Sauer, diretor de gás e energia da Petrobras, a necessidade de rever os contratos das concessionárias do sul reflete a ausência do suprimento de gás natural argentino para abastecer a região. "Quando os contratos de gás boliviano foram firmados em 1999, estava prevista complementação do gás natural argentino. Só que esse gás nunca foi entregue para as concessionárias", explicou o executivo há pouco, antes da cerimônia da oficialização da construção da termelétrica Cubatão (SP), batizada de Euzébio Rocha. A possibilidade de suprimento de gás natural argentino influenciou, inclusive, a concepção do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). A configuração do trecho que abastece o Sul do País é denominada telescópica, ou seja, o diâmetro do gasoduto decresce. Para se ter um idéia, o duto no Paraná tem 24 polegadas, enquanto no Rio Grande do Sul ele possui 16 polegadas. A concepção original do empreendimento previa que o gás argentino, vindo pelo gasoduto Uruguaiana (RS) - Porto Alegre (RS), subiria pelo trecho sul do Gasbol até São Paulo. Hoje, o sentido é inverso porque o gasoduto gaúcho não foi concluído e o gás boliviano desce por São Paulo até o Rio Grande do Sul. "Os contratos previam volumes maiores para abastecer os estados do Sul e duas térmicas, a Termogaúcha (não construída) e o Termocanoas. Esse último projeto teria 500 MW de capacidade, mas com a falta do gás não passará dos 240 MW quando for operar em cogeração", esclareceu Sauer. Segundo o executivo, uma parte do que era contratado pelas concessionárias como gás firme, ou seja, suprimento garantido, tornou-se interruptível, cujo fornecimento pode ser interrompido a qualquer momento quando as termoelétricas precisarem despachar gás natural. "A revisão dos contratos das concessionárias do Sul é a primeira batelada de renegociação dos contratos, com objetivo de adequar a oferta e a demanda e otimizar o mercado brasileiro", disse Sauer. De acordo com Sauer, os contratos das concessionárias do Nordeste e do Sudeste, como Comgás (SP) e Ceg-Rio, estão em processo de atualização. "As negociações ocorrem de maneira excelente", avaliou. Ele voltou a reafirmar que a Petrobras discute com as concessionárias quatro modalidades de contratação: firme, firme flexível (para consumidores bicombustíveis), interruptível e preferencial (para termelétricas). Sauer também disse que a Petrobras estuda a implementação de uma planta de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), no Porto de São Francisco do Sul (SC). "Com isso, o gás entraria pelo Gasbol e seria despachado para o Rio Grande do Sul e para o Paraná, liberando o gás boliviano que chega para Campinas (SP)", contou. O executivo reafirmou que continuará na Petrobras enquanto o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, o presidente Luiz Inácio Lula do Silva e a Universidade de São Paulo (USP), no qual é professor, quiserem que ele permaneça no cargo.

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