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Petrobrás: investimento exige cautela

A ação da Petrobrás passou a ser vista com cautela por analistas. Isso porque o controle dos preços dos combustíveis pode ser usado para conter os índices inflacionários. O fator político ganhou ainda mais importância com a sucessão presidencial.

Por Agencia Estado
Atualização:

A ação da Petrobrás, uma das mais recomendadas por analistas no início do ano, passou a ser vista com cautela por analistas. O fato é que a inflação tem subido acima do esperado, em função da escalada de alta das cotações do dólar, e o controle dos preços dos combustíveis, em parte importados, passa a ser uma das armas do governo para conter a alta dos índices inflacionários. O fator político já era apontado como uma das principais características do papel, já que a maior parte das ações da companhia estão nas mãos do governo. Segundo analistas, a administração de empresas públicas sempre foi vista com restrições. Esse problema ganhou ainda mais relevância com a proximidade das eleições presidenciais, já que a partir do próximo ano as regras para a administração da companhia devem ser alteradas, como a definição de preços para petróleo e seus derivados. "Essa mudança faz com que a compra das ações da Petrobrás não seja recomendada. Mesmo que o dólar e o preço do petróleo continuem em patamares elevados, o que seria uma vantagem para a empresa, é bem provável que os resultados financeiros da companhia não sejam beneficiados", afirma o gestor de renda variável para a América Latina do ABN Amro Asset Management, Luiz Ribeiro. Os papéis da Petrobrás já vêm sofrendo com a avaliação negativa dos investidores. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da companhia registram uma queda de 22,58% no acumulado do ano, até ontem. Em 2002, elas atingiram o patamar mais elevado no dia 19 de março, quando foram vendidas a R$ 60,30. De lá para cá, a baixa foi de 34,33%. Ontem, o presidente da Petrobrás, Francisco Gros, confirmou ao correspondente em Nova York, Fábio Alves, que haverá impactos negativos nos resultados da empresa se o próximo governo utilizar a estatal para perseguir políticas macroeconômicas. Segundo ele, a Petrobrás vem apresentando forte desempenho na geração de fluxo de caixa sob a política atual de administração. "Se o novo governo decidir usar a Petrobrás para perseguir políticas públicas, a empresa poderá observar uma redução na geração de fluxo de caixa, o que se traduziria imediatamente numa redução do programa de investimentos", afirmou. Veja a reportagem completa no link abaixo. Analistas não recomendam compra de ações Ribeiro avalia que esse não é o momento para comprar papéis da companhia, já que o risco político do investimento deve prejudicar de forma significativa o desempenho da ação. "Todos os candidatos à Presidência já demonstraram que pretendem alterar a administração de preços na Petrobrás." Hoje, o preço do petróleo no Brasil é definido de acordo com os patamares internacionais e essa cotação é dada em dólares. O estrategista-chefe do JP Morgan, Luiz Fernando Lopes, concorda com Ribeiro. Segundo ele, as ações da companhia são consideradas uma aposta muito arriscada nesse momento e o desempenho do papel será fortemente influenciado pelas decisões da equipe econômica do próximo governo. "Se a próxima administração da empresa considerar que empresas públicas terão uma função social e o lucro deve ficar em segundo plano, os acionistas da Petrobrás serão muito prejudicados". Júlio Ziegelmann, da BankBoston Asset Management, avalia que há opções na Bolsa com melhores perspectivas do que os papéis da Petrobrás. De qualquer forma, ele acredita que o lucro da empresa pode ficar menor, mas ainda se manterá. Diversifique recursos dos FMPs Segundo Ziegelmann, para quem tem recursos nos Fundos Mútuos de Privatização (FMPs) - Petrobrás, a recomendação é direcionar parte dos recursos para um FMP formado por ações da Companhia Vale do Rio Doce ou um fundo Carteira Livre. Caso os recursos da carteira sejam referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o investidor deve escolher uma carteira específica para aplicar esse dinheiro. De acordo com dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), as carteiras dos Fundos de Privatização Petrobrás formados por recursos próprios registram queda de 21,32% no acumulado do ano, até o dia 27 de setembro. Já as carteiras formadas por recursos do FGTS apresentam perda de 20,84%, desempenho bem abaixo dos demais Fundos de Privatização. As carteiras formadas por papéis da Vale do Rio Doce têm valorização em torno de 60%. Já os fundos Carteira Livre têm alta de 15,02% no período. Vale lembrar que ganho passado não significa certeza de ganho futuro, mas demonstram que a diversificação dos recursos em mais de uma carteira pode reduzir as perdas de um fundo. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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