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Petrobras: investimentos no Comperj devem ser mantidos

Por Kelly Lima
Atualização:

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou hoje que os investimentos de US$ 8,5 bilhões no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) devem ser mantidos e não sofrer nenhum reajuste, "nem para cima, nem para baixo" no plano estratégico da estatal. O plano da companhia para o período de 2009 a 2013 deve ser apresentado para o Conselho de Administração na sexta-feira. Segundo ele, a Petrobras espera a redução do valor de algumas licitações e também a revisão para baixo do preço de alguns equipamentos. Porém, o diretor lembrou que a estimativa de investimentos de US$ 8,5 bilhões havia sido feita dois anos atrás, com outro câmbio e sem a inflação acumulada no período. "Qualquer redução ou aumento que poderia haver sobre este valor será minimizada por esses dois fatores", disse. O diretor não quis detalhar quais deverão ser as fontes de financiamento tanto para este empreendimento quanto para a construção de outras refinarias previstas. Segundo ele, na última reunião do Conselho no final de 2008, foi definida qual seria a participação acionária da Petrobras em todas as etapas do Comperj. Uma holding será composta para abrigar tanto a primeira geração do Comperj quanto as unidades da segunda geração. Costa afirmou que ao longo de 2009 é que serão fechadas as parcerias com os sócios. Costa afirmou que a estatal está tomando como premissa para definir a entrada dos sócios três pontos principais: "Que eles tenham dinheiro; suporte tecnológico; e sejam tomadores de produto, ou seja, possam oferecer mercado para parte da produção do Comperj". Por enquanto, disse, apenas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o grupo Ultra estão confirmados no projeto, mas não há ainda um porcentual definitivo da participação de cada um. O diretor disse ainda que a Petrobras será majoritária na primeira geração e terá pequenas participações nas fábricas da segunda geração. Essas unidades da segunda geração também serão desmembradas da holding tão logo forem fechadas as parcerias individuais para cada uma. "Percebemos que todos os interessados, sejam eles estrangeiros ou as duas empresas nacionais (Braskem e Quattor), discutiam interesses específicos em cada uma das unidades e por isso desmembramos o projeto", disse o diretor, que participou hoje da inauguração do centro de integração do Comperj em São Gonçalo. O espaço, que já formou 3.500 pessoas para atuar no Comperj, tem meta para qualificar até outros 30 mil até o início da operação da unidade em 2013. Gasolina Costa negou a necessidade no curto prazo de reajuste nos preços de gasolina e diesel no mercado interno, frente à queda do valor do barril de petróleo. Ele lembrou que isso só ocorrerá se houver uma redução da volatilidade, e destacou o fato de a Petrobras ter mantido seus preços estáveis mesmo diante da alta do barril a até US$ 150 em julho do ano passado. Ele também negou que haja uma diferença muito grande entre os preços internos e internacionais, já que isso teria sido amenizado pela valorização do câmbio. PDVSA Costa afirmou também que o acordo com a PDVSA para fornecimento de óleo pesado para a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco é o único obstáculo para que a estatal venezuelana participe ativamente do projeto. "Já temos um acordo de acionistas e definimos a participação acionária, mas ainda há indefinição sobre o preço a ser pago pelo barril de petróleo, diante das incertezas atuais. A PDVSA quer um valor maior", disse. Segundo ele, a Petrobras está tocando as obras da refinaria no local e mesmo que o acordo para fornecimento do óleo venezuelano não saia, os investimentos não vão parar. "O empreendimento já passou por uma auditoria e a PDVSA, quando quiser entrar de fato, fará um aporte financeiro relativo à sua participação no projeto para compensar o que a Petrobras já investiu. Caso não haja acordo, há petróleo de sobra no Brasil para colocar lá", frisou. O projeto inicial da refinaria previa a produção de 200 mil barris por dia a partir de 2011, sendo que metade deste volume seria de petróleo pesado da Bacia de Campos e a outra metade importado da Venezuela. Segundo Costa, o atual preço do barril não inviabiliza nenhum dos investimentos em refino previstos pela Petrobras. "Em 1999 o preço do petróleo estava na casa dos US$ 10 e a Petrobras não teria chegado onde chegou hoje se não tivesse investido na produção da Bacia de Campos", disse. Ainda segundo ele, a expectativa é de que a crise não atrapalhe a demanda na época em que a refinaria e o Comperj entrarem em operação.

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