SÃO PAULO - A Petrobrás poderá perder o grau de investimento pela agência Standard & Poor's se deixar de divulgar seu balanço auditado até o dia 30 de abril. Após esse período, a agência deverá colocar a classificação de risco da estatal em revisão, disse a equipe de análise de empresas da S&P em teleconferência nesta terça-feira, 24.
Neste contexto, a S&P cortou o perfil de crédito individual da Petrobras para "b+", de "bb", e colocou em perspectiva negativa o rating corporativo da estatal, que foi mantido em "BBB-" -- último degrau do grau de investimento, a certificação de que a companhia honrará seus compromissos.
A agência disse ainda que a revisão do crédito individual da estatal, que não leva em consideração o apoio do governo brasileiro, deve-se à perspectiva de menor geração de fluxo de caixa e maior alavancagem (endividamento) da empresa neste e no próximo ano.
A Petrobrás já perdeu o grau de investimento pela Moody's e o corte por uma segunda agência obrigará alguns fundos, que apenas podem manter em carteira papéis que sejam grau de investimento por duas agências, a desovarem suas posições. Parte desses fundos já se antecipou, mas ainda existe um novo fluxo de vendas potencial de bônus da Petrobras se a companhia perder o grau de investimento por uma segunda agência.
Envolvida em um escândalo de corrupção, a petroleira não publicou até agora seus resultados auditados do terceiro trimestre, depois que a auditora PricewaterhouseCoopers (PWC) se recusou a assinar o documento. Agora corre contra o tempo para divulgar também o balanço do quarto trimestre auditado, incluindo as perdas estimadas com corrução, reveladas pelas investigações da Operação Lava Jato.
O esquema, investigado pela Polícia Federal, teria desviado dinheiro de contratos da estatal para empreiteiras, políticos e ex-executivos da companhia. Dessa forma, a Petrobrás precisa realizar baixas contábeis críveis para reconquistar a confiança do mercado financeiro. (Com informações da Agência Estado e da Reuters).