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Petrobrás pode vender fatia na Braskem

Segundo fontes, estatal poderia conseguir até R$ 3,6 bilhões com sua participação na petroquímica, na qual é sócia da Odebrecht

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e André Magnabosco
Atualização:

A Petrobrás pretende vender a participação que detém na petroquímica Braskem, controlada pela estatal em conjunto com a Odebrecht, como parte do plano de desinvestimentos da ordem de US$ 13,7 bilhões, segundo apurou o 'Broadcast', serviço de notícias em tempo real da 'Agência Estado'. Caso encontre interessado, missão que, segundo fontes de mercado, não será fácil, pode obter cerca de R$ 2,8 bilhões, correspondentes à sua fatia de 36,1%. Esse valor pode ser acrescido de 30% por um prêmio de controle, o que elevaria o total a ser embolsado para R$ 3,6 bilhões. A notícia, divulgada nesta segunda-feira pela manhã, fez com que as ações da estatal registrassem alta de mais de 10%. No final do pregão da Bovespa, acabaram perdendo força, mas, mesmo assim, fecharam com alta expressiva. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 4,99%, enquanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) tiveram alta de 3,81%. Também influenciaram na valorização dos papéis as notícias sobre a proximidade da publicação do balanço da empresa (leia mais abaixo) e sobre o aumento do fluxo de capital estrangeiro na Bolsa, o que beneficiaria a estatal.

Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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O valor de mercado da Braskem, de cerca de R$ 7,9 bilhões considerando o fechamento das ações de sexta-feira, está depreciado em torno de 30%, reflexo, conforme fontes, do fato de a empresa ter sido citada na Operação Lava Jato, que apura denúncias de cartel e corrupção na Petrobrás. A petroquímica negou ter participação em qualquer ato de corrupção envolvendo a estatal. Como não tem concorrente no Brasil, um possível interessado na fatia da Petrobrás pode ser, conforme uma fonte, uma petroleira estrangeira. Outra fonte minimiza a dificuldade de se identificar um comprador para a fatia da Petrobrás e diz que pode ocorrer tanto venda para um investidor estratégico como para o mercado.

Além de o nome da Braskem ter sido citado nas investigações da Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato, outro possível entrave à operação é o impasse comercial entre a petroquímica e a Petrobrás. A estatal, além de sócia da Braskem, é também a principal fornecedora de insumos da companhia. Porém, desde 2013, as duas empresas ainda não conseguiram chegar a um consenso para a assinatura de um novo acordo de fornecimento de nafta no longo prazo. A possibilidade de um novo contrato ter condições menos favoráveis à Braskem foi citada recentemente pelos analistas do Bank of America Merrill Lynch como uma das justificativas para a revisão do preço-alvo das ações de R$ 21,50 para R$ 15.

Procuradas, Petrobrás, Braskem e Odebrecht não comentaram o assunto. Em resposta a um questionamento da Bovespa, a estatal disse apenas que "a carteira de desinvestimento é prospectiva, pois o desenvolvimento das transações dependerá das condições negociais e de mercado".

Planos.

A venda de ativos pela Petrobrás faz parte do plano da empresa de melhorar as suas finanças nesse momento da crise. O plano é se desfazer de US$ 13,7 bilhões neste e no próximo ano, um programa lançado no início de março, já como marca das reformulações na estatal.

Além dos entraves provocados pelas denúncias de desvios de recursos, como a dificuldade de ter o balanço financeiro do ano passado auditado e publicado, a Petrobrás sofre ainda restrições financeiras por ter perdido o selo de garantia de boa pagadora (grau de investimento) da agência de classificação de risco Moody's e por causa da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

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O atual plano prevê que, do total a ser vendido, 30% serão de ativos de exploração e produção, o que pode incluir reservas de petróleo; 30% na área de abastecimento, relativa a toda a produção de derivados de petróleo e gás e à infraestrutura de transporte de combustíveis; e 40% na de gás e energia, que inclui usinas térmicas e participações acionárias em distribuidoras de gás. O setor petroquímico faz parte da área de abastecimento da empresa.

/ COLABOROU FERNANDA NUNES

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