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Petrobras reduz em US$ 50 bi previsão para o pré-sal

Por Tatiana Freitas
Atualização:

A Petrobras conseguiu reduzir em US$ 50 bilhões a previsão de investimentos necessários para a exploração do pré-sal em estudos realizados pela companhia. O diretor da área de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella, explicou hoje, em evento realizado com analistas, que a empresa conseguiu reduzir, com a realização de duas simulações, o número de poços necessários por reservatório para atingir o mesmo nível de produção. Questionado por analistas se a estatal poderia assumir daqui para frente que serão necessários menos poços por plataforma para a exploração da área pré-sal, Estrella respondeu que "uma avaliação final depende das características dos reservatórios, que ainda estão sendo analisados". "O Teste de Longa Duração (TLD), que será realizado em Tupi a partir de março, possibilitará que a gente estude quanto será possível produzir por poço", disse Estrella. "Cada vez que a gente estuda mais, é possível reduzir os investimentos. Por isso que eu não sei de onde alguns analistas de mercado tiram esses números de investimentos necessários para a exploração do pré-sal", afirmou. Desde o anúncio das reservas do pré-sal, alguns bancos de investimento chegaram a estimar em US$ 600 bilhões, aproximadamente, os aportes necessários para a exploração do pré-sal. Até 2020, a Petrobras pretende investir US$ 111,4 bilhões somente na exploração do pré-sal. Para os próximos cinco anos, a estatal pretende investir US$ 28,9 bilhões nesta atividade. Parceiros O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou hoje que os valores de investimentos anunciados para a exploração do pré-sal, no plano estratégico para até 2013, ainda estão sujeitos a negociação com parceiros. Gabrielli disse que, entre todos os blocos da área já concedidos, a estatal tem participação de aproximadamente 60% e as demais operadoras que atuam como parceiras, 40%. Segundo ele, os investimentos obedecem a essa proporção. Marco regulatório Gabrielli afirmou que a empresa trabalhou com a premissa de que o novo marco regulatório do setor de petróleo, cuja apresentação pelo governo federal foi adiada diversas vezes, respeitará o modelo de exploração adotado para áreas que já foram concedidas, como os blocos de Tupi e Iara, que já têm um cronograma de exploração mais definido. "O nosso planejamento está baseado no que existe hoje, ou seja, nas áreas já concedidas. Se houver necessidade, haverá unitização. Mas estamos supondo que o novo marco regulatório não alterará as condições dadas às concessões já existentes", disse. "Se existem incertezas, elas referem-se às áreas que ainda não foram concedidas", acrescentou Gabrielli durante teleconferência com analistas realizada para detalhamento do novo plano de negócios da empresa. O processo de unitização ao qual Gabrielli se refere trata-se de um acordo de produção que pode ser necessário caso fique comprovado que diferentes reservatórios localizados em uma mesma área estejam ligados. Pela unitização, cada consórcio participante da exploração do bloco fica com parcela da produção equivalente à participação na reserva total. Emprego Gabrielli afirmou ainda que a estatal não deve aumentar o número de contratações além das anunciadas previamente pela companhia. No planejamento estratégico para os anos de 2008 a 2012, a empresa previa 14 mil admissões e o suporte ao treinamento de 160 mil novos empregados na cadeia do petróleo até 2010. "Não vamos aumentar o número de contratações. Pelo contrário, pretendemos reduzir o número de pessoas embarcadas para o pré-sal", disse. O presidente da Petrobras explicou que as novas unidades devem ter pouco impacto na contratação de pessoal porque a Petrobras buscará o máximo nível de automatização nos projetos. Ao mesmo tempo, o executivo ponderou que a estatal vai contribuir para a geração de empregos indiretamente no País. "A atração de capital para o Brasil será muito grande em razão da magnitude do plano de investimentos da Petrobras. Planejamos a construção de aproximadamente 400 navios até 2020. Ninguém vai fazer isso no mundo. Vamos trazer as empresas para cá", afirmou. Conteúdo nacional Entre apresentação a jornalistas e conversas com analistas de mercado, Gabrielli disse diversas vezes que a estatal será firme na queda de braço com fornecedores para que os preços dos equipamentos caiam. Mesmo que essa postura custe a redução do conteúdo nacional de plataformas. "Não vamos validar preços que não sejam compatíveis com as cotações do petróleo hoje. Vamos chegar ao limite nas negociações e, se houver necessidade, vamos abrir para licitação internacional em alguns casos", disse. "Acredito que é possível manter o conteúdo nacional, mas ele terá de ser competitivo", acrescentou. Exterior O presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec, afirmou hoje que, do total de US$ 2,8 bilhões previstos no orçamento da estatal para a subsidiária com atividade voltada para os biocombustíveis, entre os anos 2009-13, cerca de 9% serão destinados a três investimentos no exterior. Fora do Brasil, a companhia planeja uma unidade na Europa, uma na África e outra na América do Sul.

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