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Petrobrás tem risco político, mas ação é indicada

O encaminhamento da sucessão presidencial influencia diretamente o mercado acionário e de algumas empresas especificamente. É o caso da Petrobrás. Apesar disso, analistas recomendam o papel. A perspectiva de valorização fica em torno de 33%.

Por Agencia Estado
Atualização:

O encaminhamento da sucessão presidencial influencia diretamente o mercado acionário. Isso porque o cenário sucessório influencia uma série de condições econômicas fundamentais para o desempenho das empresas, impactando desde já o comportamento das ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Além de mexer com as condições do mercado em geral, a sucessão presidencial é determinante para as perspectivas de alguns papéis especificamente. É o caso das ações da Petrobrás. O acionista majoritário desta empresa é o governo, com 55,7% das ações ordinárias (ON, com direito a voto) em poder da União. O BNDESPar - braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que investe em empresas - detém 2% das ações. O restante está em poder do público em geral, sendo 7,4% das ações ON alocados em Fundos Mútuos de Privatização Petrobrás; 23,7% correspondem aos American Depositary Receipts (ADRs) - certificados de ações da empresa, negociados em bolsa nos Estados Unidos; e 11,3% distribuídos em custódia fiduciária da Bovespa, estrangeiros e outros. Portanto, os rumos da empresa dependem, em grande parte, de quem vai assumir o poder na sucessão presidencial, e da política que será adotada para a empresa a partir daí. Como exemplo, alguns candidatos à presidência criticaram, recentemente, a forma de reajuste dos preços dos combustíveis. Isso porque a Petrobrás define os valores com base no comportamento do preço do barril do petróleo no mercado internacional, embora 70% da produção da empresa seja obtida pela extração de petróleo em território nacional. Esse discurso é contestado por analistas, uma vez que o petróleo, por ser uma commodity internacional, tem seu preço arbitrado com o mercado externo. Além disso, segundo analistas, o discurso político dos candidatos, em geral, tem apontado a necessidade de crescimento econômico como uma das prioridades. Nesse contexto, falam em redução da taxa de juros como incentivo ao crescimento das empresas. Vale lembrar que, caso o novo governo mantenha a política de metas de inflação para a definição das taxas de juros, o controle inflacionário será importante também no novo governo. Como os combustíveis têm grande peço na formação desses índices, analistas não descartam que um futuro governo lance mão de alterações na política de preços da Petrobrás como instrumento da política de controle da inflação. "Por mais que se fale que esse é um discurso político, existe o risco de mudança. A expectativa de que isso possa acontecer já mexe com o preço da ação", afirma o analista de uma importante corretora. Desde o início de abril, quando o cenário político ganhou maior relevância, tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) acumulam baixa. Do dia 1º de abril até ontem, a ON apresenta queda de 7,21% e a PN, 8,83%. No mesmo período, a queda do Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa - é menor. O desempenho negativo é de 6,45%. Vale destacar que a baixa das ações da Petrobrás poderia ser ainda maior, caso o preço do petróleo no mercado internacional não estivesse em alta. Recomendações Apesar do risco político embutido no comportamento das ações da Petrobrás, analistas indicam a compra desses papéis. Para quem já tem a ação, a manutenção é recomendada. Segundo analistas, mesmo que o novo governo queira alterar a política de preços dos combustíveis adotada pela Petrobrás, a idéia teria de ser aprovada no Congresso. "É fato que a interferência do poder público pode acontecer, como sempre aconteceu. Mas o mercado está aberto e um retrocesso nessa realidade, do ponto de vista do investidor, passa por outras esferas do governo, não só pela presidência da República. Hoje, com a participação de trabalhadores que usaram recursos do FGTS para a compra de ações da companhia e as regras que trouxeram transparência para a administração da empresa, qualquer alteração nesse sentido será mais difícil", afirma o analista de investimentos da Itaú Corretora, Gilberto Pereira Souza. Atualmente, Souza tem avaliação "out perform" para as ações da Petrobrás. Isso significa que a recomendação é de compra em relação ao Ibovespa. Ou seja, ele acredita que os papéis da companhia têm perspectiva de valorização acima do Índice da Bolsa. O gerente de análise de investimentos da HSBC Corretora, Fernando Aoad, concorda com a perspectiva de valorização superior ao Ibovespa. Portanto, segundo ele, não é vantajoso migrar os recursos de um fundo Petrobrás para um fundo de ações Carteira Livre, fundo de investimento nos mesmos moldes do fundo da Petrobrás, mas que engloba ações de empresas diversas. O retorno dos recursos para as contas do FGTS é ainda mais desvantajoso. Aoad avalia que, dentro das atuais condições, o preço da ação ordinária deveria estar em R$ 77,40, o que significa um potencial de valorização de 33,68% em relação ao fechamento de ontem. Hedge na carteira de ações O analista da Itaú Corretora lembra que a Petrobrás é beneficiada pela alta do dólar, dado que possui receita gerada pela exportação de produtos. Por outro lado, ele destaca que 30% das despesas são vinculadas à moeda norte-americana, o que faz com que a alta do dólar também provoque uma diminuição do resultado líquido da companhia. "As ações da Petrobrás não funcionam como um hedge (proteção) cambial perfeito dentro de uma carteira de ações. Quem tem esse objetivo deve optar por papéis de empresas, cuja receita é dada em dólar e as despesas integrais em reais como, por exemplo, a Companhia Vale do Rio Doce", afirma o analista da Itaú Corretora.

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