RIO - A agência de classificação de risco Moody's já pretendia cassar o grau de investimento da Petrobrás desde o fim de janeiro, segundo um ex-executivo da estatal. A agência somente tomou a decisão depois de um mês, exatamente o prazo pedido pela empresa para provar que conseguiria demonstrar estar trilhando o melhor caminho para solucionar suas restrições financeiras, principalmente os relacionados ao endividamento.
A facilitação das investigações de um esquema de corrupção pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato, era um dos principais quesitos para evitar o rebaixamento. Sem saber o tamanho do rombo que os desvios de recursos causaram no patrimônio da estatal também não era possível conhecer o quanto a empresa vale de fato e qual a relação entre o patrimônio e o endividamento. Essa relação é a que define o nível de alavancagem, uma conta que demonstra quanto da empresa é comprometido com dívidas.
Nem mesmo a renúncia de toda a diretoria, um facilitador das investigações, impediu, no entanto, a perda do grau de investimento. A avaliação de um ex-executivo da Petrobrás é que a Moody's exagerou na dose para evitar ter a sua reputação contaminada pelo mau momento da estatal. Sem o selo que posiciona a empresa entre as grandes empresas no mundo todo, a petroleira terá dificuldade de captar recursos no mercado financeiro. Ela será impedida, pelo menos, de receber o investimento de grandes fundos internacionais. Com isso, será obrigada também a rever o seu planejamento estratégico.
"Sem grau de investimento, a Petrobrás é um projeto inviável, por causa do volume de investimento que deve executar", diz a fonte.