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Petrobrás vai cortar 30% das gerências

Reduções de cargos gerenciais faz parte da reestruturação aprovada pelo Conselho

Por Antonio Pita e
Atualização:

RIO - O conselho de administração da Petrobrás aprovou nesta quarta-feira, 27, a reestruturação administrativa da empresa. Pelo modelo discutido no colegiado, a diretoria de Gás e Energia será incorporada pela área de Abastecimento, conforme antecipado pelo Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado. A estatal também aprovou a redução em 30% do total de funções gerenciais na empresa e suas subsidiárias, além de reorganizações internas de núcleos e áreas de negócio. As informações foram confirmadas por meio de fato relevante que a estatal enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira.

Com a aprovação, a expectativa é que, até março, a companhia inicie o processo de reorganização interna. Ainda não há uma definição sobre os nomes dos executivos que assumirão os cargos das diretorias após a reforma – serão seis unidades de gestão e não sete, como atualmente. Segundo fontes a par das deliberações no conselho, a reestruturação poderá implicar na mudança dos diretores, mas essa discussão vai ficar para a reunião do colegiado que vai acontecer em fevereiro. 

'Nova Petrobrás' será mais enxuta Foto: Paulo Whitaker/Reuters

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A reestruturação foi o único tema levado a votação pelos conselheiros na reunião. O modelo da ‘nova Petrobrás’, como tem sido chamado o projeto de reorganização, prevê a fusão de núcleos e áreas de negócios dedicadas aos mesmos temas, mas que tinham estruturas administrativas dispersas entre as diferentes diretorias. Por isso, os cargos de gerência serão reduzidos de seis mil para 4,2 mil em todas as empresas ligadas à holding. O conjunto dessas iniciativas, segundo a petroleira, ocasionará uma diminuição de custos que poderá alcançar R$ 1,8 bilhão por ano.

Outra mudança prevista é o desmembramento de áreas do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa (Cenpes). Uma das principais atividades do centro, a área de Engenharia Básica, foi incorporada pela diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais, o que provocou críticas de ex-diretores e pesquisadores ligados à estatal. Um manifesto assinado por Guilherme Estrella e Ildo Sauer, entre outros, foi encaminhado à diretoria e ao colegiado.

A área de engenharia básica é responsável pelo desenho e fiscalização de todas as obras, além da ordem de contratação de equipamentos e serviços. A proposta de transferir a área do Cenpes para a diretoria foi justificada como uma forma de ampliar o controle de custos e evitar brechas para a corrupção, segundo a mesma fonte próxima ao colegiado. A avaliação é que, com a transferência, vai ser mais fácil acompanhar contratos e garantir que procedimentos padrões sejam adotados em todas as obras.

Para ex-diretores e pesquisadores ligados à estatal, que encaminharam um manifesto à diretoria e ao conselho da Petrobrás, o esvaziamento do Cenpes é um “erro colossal”. No Cenpes, são realizadas pesquisas na área de petróleo e gás, biocombustíveis e energias renováveis, dentro do conceito de integração das áreas de engenharia, inovação, pesquisa e desenvolvimento. “Esquartejar essa integração, sob qualquer argumento, é destruir um modelo de gestão universalmente reconhecido”, diz o manifesto assinado por 17 ex-funcionários da Petrobrás, pesquisadores e economistas.

“O núcleo de engenharia é o que dá a razão de ser ao Cenpes. É central no objetivo da empresa de fomentar a inovação dos seus processos”, avalia o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, um dos que assinam o protesto.

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