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Petrobrás vai intensificar cortes de gastos e venda de ativos

Transpetro, subsidiária da estatal que opera no setor naval, terá uma redução de 69% em seu plano de investimentos

Por Vinicius Neder e Antonio Pita
Atualização:

RIO - Para fazer frente à deterioração do cenário econômico, a Petrobrás vai intensificar os cortes de gastos e acelerar a venda de ativos. Âncora no programa de desenvolvimento do setor naval nos governos do PT, a Transpetro (subsidiária da Petrobrás) terá cortes de 69% em seu plano de investimento até 2019, somando apenas US$ 1,7 bilhão no período. Em outra frente, a Petrobrás anunciou que está em “negociação final” para venda de 49% em participações nas distribuidoras estaduais de gás para a japonesa Mitsui - como antecipou o Estado em junho.  No ano passado, quando a Transpetro ainda era presidida por Sérgio Machado, citado na Operação Lava Jato, a subsidiária havia anunciado investimentos de US$ 5,5 bilhões para o período de 2015 a 2019, o que equivaleria a um aporte anual de US$ 1,1 bilhão. Agora, a média de gastos previstos é de US$ 340 milhões anuais, cerca de R$ 1,36 bilhão. Em 2014, apenas para a compra de navios foi destinado R$ 1,67 bilhão. 

Estatal rescindiu contrato com Eisa Petro Um Foto: Fabio Motta/Estadão

O novo presidente da Transpetro, Antônio Rubens Silvino, atribuiu o corte de investimento à dificuldade da indústria em todo o mundo. “Os preços do petróleo estão levando toda a indústria a rever alguns de seus investimentos. Temos hoje um foco na financiabilidade, na busca de melhorias de custos, como toda indústria de petróleo está fazendo. Mas não estamos perdendo de vista as oportunidades”, afirmou durante o evento Rio Pipeline 2015. Com menos recursos, a Transpetro ficará sem fôlego para promover estaleiros e fornecedores nacionais. Antes da crise, a previsão da Petrobrás era investir US$ 3,3 bilhões até 2018 no Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado em 2004 com plano de encomenda de 49 navios em estaleiros nacionais. Parte dos empreendimentos foi financiada por empreiteiras investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato e, por isso, impedidas de fechar negócio com a Petrobrás.  Os novos valores não foram informados. Segundo fontes ligadas à empresa, os projetos e a contratação de equipamentos estão sendo adiados, uma vez que a estatal não tem caixa para acelerar a produção. A Petrobrás recebeu com alívio a paralisação da construção de navios pelo Eisa Petro Um, em crise, o que motivou a rescisão do contrato pela subsidiária. Apenas duas embarcações já em construção, de um total de oito encomendadas, serão entregues. Desinvestimento. A Transpetro também será afetada com o corte de trabalhadores terceirizados, dentro da reestruturação da Petrobrás que deve ser discutida pelo conselho de administração da estatal no dia 30. Outra medida que pode ser definida no encontro é a venda de participação na rede de distribuidoras estaduais de gás natural para a empresa japonesa Mitsui. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, a petroleira indicou que está em negociação final com a empresa.  O Estado publicou, em junho, que a empresa era a principal aposta para a compra de 49% nas participações em distribuidoras estaduais. Ao todo, a Petrobrás tem participações em 19 distribuidoras - em oito, a estatal já é parceira da Mitsui. “A conclusão dessa transação está sujeita à aprovação de seus termos e condições finais pela diretoria executiva e pelo Conselho de Administração da Petrobrás, assim como dos órgãos reguladores”, informou a estatal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). / COLABOROU BETH MOREIRA 

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