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Petróleo continua preocupando mercado

A divulgação do IPCA de agosto demonstrou recuo da inflação. A principal preocupação continua sendo a alta do petróleo, que pode obrigar o governo a aumentar o preço dos combustíveis. Isso afeta as projeções para a inflação anual.

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado financeiro abre o dia com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), referente ao mês de agosto, que ficou em 1,31%. O Índice, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que serve como base para a meta inflacionária do governo, apresentou um recuo em relação ao resultado de julho - 1,61%. Analistas esperavam um número entre 1,20% e 1,40%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em alta de 0,04% e há pouco operava em queda de 0,69%. O dólar comercial abriu o dia cotado a R$ 1,8250 e está sendo negociado agora a R$ 1,8280 - uma alta de 0,27% em relação aos últimos negócios de ontem. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - começaram o dia pagando juros de 16,940% ao ano, frente a 16,870% ao ano, registrado ontem no final do dia. No acumulado do ano, o IPCA registra uma alta de 4,63%. A expectativa dos analistas é que, nos próximos meses, o recuo do Índice seja mais significativo para que se cumpra, ao final do ano, o patamar de 6% - meta inflacionária do governo. Porém, a maior preocupação do mercado financeiro agora é a alta do preço do petróleo que pode pressionar o governo a decidir por novas altas nos preços dos combustíveis. No domingo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu aumentar em 800 mil barris a produção diária do produto. Porém, o preço do barril do petróleo continuou a subir ontem, chegando a US$ 35,85, em Nova York. Trata-se do preço mais alto desde a crise do Golfo em 1990. No final do dia, o barril ficou cotado a US$ 35,14 - uma alta de US$ 1,51. Em Londres, o barril do petróleo terminou o dia negociado a US$ 33,58. Meta de inflação e possibilidade de alta dos combustíveis A política de redução da taxa básica de juros - Selic - está vinculada ao comportamento da inflação. Assim, o espaço menor que existe entre o acumulado do IPCA e o quanto ele deve estar no final do ano - 6%, com espaço de alta de dois pontos porcentuais - diminui a possibilidade de novas quedas das taxas de juros. Ao menos por enquanto, os analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 16,5% ao ano na próxima reunião do Comitê, que será realizada nos dias 19 e 20 de setembro. Analistas acreditam que a inflação anual pode ultrapassar o patamar de 6%, caso o governo tenha que aumentar o preço dos combustíveis ainda esse ano. Se o fizer em dezembro, os efeitos indiretos do aumento só serão sentidos no próximo ano, o que pode dificultar ainda mais a queda de juros, já que a meta de inflação estabelecida pelo governo para 2001 é de 4%. Vale lembrar que, quando o governo estabeleceu essa meta, ainda não havia sinais de alta do preço do petróleo no mercado mundial.

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