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Petróleo não passará de US$ 100 até 2013, diz especialista

Para Adriano Pires, diretor do CBIE, produtores terão que se ajustar ao fim dos tempos de bonança

Por Luciana Xavier e da Agência Estado
Atualização:

O petróleo deve continuar em baixa no longo prazo e os países produtores de petróleo terão que se ajustar ao fim dos tempos de bonança, quando o barril se aproximou de US 150, avaliou nesta sexta-feira, 28, o especialista em petróleo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Veja também: Deterioração da economia global aumenta dilema da Opep De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise   "Creio que em 2009, o preço do barril de petróleo vai ser de US$ 50 a US$ 60. Mas tudo vai depender da profundidade da recessão mundial. O período ainda é de bastante pânico nos mercados. Não acho que o petróleo ficará acima de US$ 100 pelo menos nos próximos 4 a 5 anos", afirmou à Agência Estado. Segundo ele, os países mais dependentes de petróleo vão sofrer problemas sérios, como é o caso, na América Latina, da Venezuela, Equador e México. Pires disse que a Venezuela já perdeu mais da metade de sua receita com a queda do petróleo. No caso do Brasil, Pires disse que a Petrobras terá de conviver com petróleo mais baixo, mas disse que a queda do petróleo não é de todo ruim para o País. Pires estima que o PIB brasileiro ficará em 2,5% ou 2,8% em 2009. "A queda do preço do petróleo é ruim para a Petrobras, mas para as contas brasileira é interessante. Até porque este ano mesmo a gente vai ter um déficit na conta de petróleo muito grande, porque a gente ainda importa uma quantidade de petróleo de 15% a 20% , que é leve , pra fazer o blend nas refinarias. E a gente importou muito diesel no passado.(...) Então, para as contas nacionais, a queda do preço do petróleo é até uma boa noticia", explicou. Balanço O especialista afirmou ainda que o balanço do 4º trimestre da Petrobras deve trazer um caixa ainda menor que o do 3º trimestre. A situação da Petrobras, segundo ele, pede um olhar atento. "Quero deixar claro que não estamos falando que a Petrobras está desabando. Não há tsunami. Mas a saúde financeira preocupa e temos que ficar atentos. Falar que a situação financeira da empresa é excelente também está errado. Acho que os senadores têm razão em convocar os dirigentes da Petrobras para procurar explicações mais concretas. As declarações de ontem não foram com grau e substancia que o mercado exige", avaliou. A Petrobras recentemente pediu empréstimo de R$ 2 bilhões à Caixa Econômica Federal. Para ele, uma vez que o resultado de 4º trimestre deve ter geração de caixa menor, mais empréstimos poderão ser solicitados às instituições financeiras. "A Petrobras vai ter que ir a mercado, não tem jeito. Mas isso vai prejudicar empresas menores que precisam pegar recursos", disse. Segundo Pires, é fundamental que a Petrobras se ajuste à nova realidade de petróleo ao redor de US$ 50. "Vai ter que cortar custo, despesa. A Petrobras vai ser obrigada a cortar investimentos", disse. Ele afirmou também que a Petrobras deve rever o projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). "O projeto Comperj está fora da realidade", disse o diretor, que espera que a questão do pré-sal. "A chance de o investimento do pré-sal ser postergado é grande", acrescentou. O diretor da CBIE disse que diante da necessidade de rever todos os investimentos, o mais provável é que a Petrobras não divulgue o Plano de Negócios 2009-2013. Pode ser até que opte, por exemplo, por divulgar plano estratégico para os próximos 20 anos e não divulgar um plano detalhado, como fazia de costume, para os próximos 5 anos".

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