Um grupo de cientistas criticou o estudo estatístico da energia mundial publicado na quarta-feira, 13, pela companhia petrolífera British Petroleum, segundo o qual as reservas "demonstradas" de petróleo bastam para cobrir 40 anos de consumo pelo ritmo atual, e avisaram que os recursos podem se esgotar em menos tempo. Os cientistas críticos, dirigidos pelo Oil Depletion Analysis Centre, de Londres, afirmaram que a produção mundial de petróleo alcançará sua cota máxima nos próximos quatro anos. Em seguida, começará a cair de modo drástico, o que terá fortes conseqüências para a economia mundial e o estilo de vida. O diretor do centro é o geólogo Colin Campbell, ex-vice-presidente de várias companhias petrolíferas, como BP, Shell, Fina, Exxon e Chevron Texaco. Ele disse ao jornal The Independent que a produção do petróleo mais barato e fácil de extrair chegou em 2005 a seu ponto mais alto e está em declínio. Mesmo levando em conta para a análise o petróleo pesado de difícil extração, as reservas no fundo do mar, as jazidas polares e o líquido extraído do gás, o teto de produção será alcançado em 2011. O principal analista econômico da BP, Peter Davies, também citado pelo Independent, discordou. "Não achamos que haja problemas absolutos de recursos. Quando chegarmos a essa situação, pode ser que ela se deva a um forte aumento do consumo ou a uma nova política de combate à mudança climática, não a um limite na produção". Aquecimento Jeremy Leggert, um geólogo que aderiu ao conservacionismo da mesma forma que Campbell e autor de um livro sobre a crise energética mundial, disse ao jornal que o caso do petróleo lembra a resistência de muitos, durante anos, a prestar atenção aos alertas sobre o aquecimento do planeta. Ele lembrou que em 1999 as reservas petrolíferas do Reino Unido no Mar do Norte chegaram a um teto. Mas durante dois anos explicar abertamente o que acontecia equivalia quase "a uma heresia". A análise da BP sobre as reservas mundiais (Statistical Review of World Energy) é o documento utilizado mais amplamente no setor. Mas, segundo Campbell, seus cálculos são muito políticos, baseados em dados oficiais de Governos e companhias. "Quando eu estava à frente de uma companhia petrolífera, nunca dizia a verdade. Não fazia parte do jogo", lembrou.