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Petróleo se aproxima dos US$ 100, com dólar e estoque baixos

Preço do barril chega a US$ 98,16 em Nova York; analistas esperam marca dos US$ 100 em breve

Por João Caminoto , da Agência Estado e Reuters
Atualização:

O preço do barril de petróleo em Nova York atingiu nesta quarta-feira, 7, pela primeira vez na história, os US$ 98, se aproximando da marca dos US$ 100. A queda do dólar e as preocupações com o abastecimento no inverno são as principais influências para a elevação nos últimos dias.   Veja também:  A evolução dos preços do petróleo   Segundo os analistas, é só uma questão de tempo até que os preços passem para os três dígitos, com as evidências de um aperto no estoque elevando-os em 8% nas últimas suas semanas. O WTI chegou a US$ 98,16 nesta manhã, tendo alcançado o recorde de US$ 98,62. O Brent, em Londres, também bateu novo recorde, de US$ 95,19.   Recessão   A alta recorde dos preços do petróleo está revivendo em várias partes do mundo as preocupações com o crescimento econômico e a inflação. Será que a economia mundial poderia derrapar por causa do petróleo e acabar em recessão ou estagflação, como o ocorreu durante a década de 70 e o início dos anos 80? Um estudo realizado pelo Deutsche Bank, baseado nas similaridades e diferenças nos preços do petróleo e na situação econômica daquela época e hoje, concluiu que não.   Desde 1999, os preços do petróleo negociado em Nova Iorque subiram de US$ 12 por barril para acima dos US$ 90. Em termos reais, ajustados pela inflação ao consumidor dos Estados Unidos, o aumento foi de seis vezes, o mesmo ocorrido entre 1973 e 1980.   Mas segundo Peter Hooper, que coordenou a equipe de economistas do banco alemão, as similaridades param por aí. "O peso do preço do petróleo para o crescimento econômico mundial foi muito reduzido ao longo das últimas três décadas", explicou. "Em segundo lugar, o aumento dos preços mais norteado pela demanda do passado recente tem parecido muito mais benigno que o ocorrido na década de 70, quando interrupções na oferta tiveram um impacto altista relevante sobre os preços."   Além disso, Hooper argumentou que a bem sucedida ancoragem das expectativas inflacionárias tem permitido aos bancos centrais a adotar políticas monetárias mais acomodatícias, não permitindo que os aumentos dos preços do petróleo sejam traduzidos em inflação mais alta, pelo menos por enquanto.   Barril a US$ 60   Segundo Hooper, há vários motivos econômicos para se esperar que os preços declinem, estimulando o crescimento e reduzindo as pressões inflacionárias. "O desaquecimento dos mercados imobiliários mundiais e o aperto das condições de crédito devem desacelerar o crescimento econômico e a demanda por petróleo", disse. "O recente aumento nos preços deve elevar a eficiência do uso de petróleo e estimular sua substituição como fonte de energia, reforçando ainda mais a queda na demanda da commodity."   Além disso, segundo Hooper, aumentos nos preços do passado tendem a aumentar a produção petrolífera. "Por isso, prevemos que os preços do barril vão cair para a proximidade dos US$ 60 por barril no curso do próximo ano", disse. "Quanto mais esse declínio refletir a maior oferta do que a demanda mais baixa, maior será seu apoio ao crescimento econômico mundial."   Num cenário de queda dos preços causada pelo declínio do consumo, Hooper assinalou que haveria espaço para políticas monetárias de relaxamento. Os riscos inflacionários recuariam e o crescimento também. "Entretanto, num cenário alternativo menos provável de um declínio dos preços causado por mais oferta e continuidade de crescimento robusto, a política monetária nos países importadores poderia ter que ser revertida para contrabalançar os efeitos estimulantes de um corte no 'imposto do petróleo' sobre os consumidores e empresas", disse.   Hooper alertou que o principal risco para sua previsão benigna seria um declínio na oferta de petróleo induzida politicamente. "Esse desdobramento desaceleraria o crescimento e aumentaria a inflação, apresentando um dilema para as políticas monetárias", disse. "Entretanto, uma estagflação no estilo dos anos 70 nos parece muito improvável."

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