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Petróleo tem a maior alta diária da história

Barril para entrega em julho dispara quase US$ 11 em Nova York e atinge novo recorde, cotado a US$ 138,54

Por Agências Internacionais
Atualização:

Os contratos futuros de petróleo tiveram ontem a maior alta diária da história em termos de valor (US$ 10,75). O barril para entrega em julho disparou 8,41%, para o recorde de US$ 138,54, na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês). Em termos porcentuais, a variação registrada ontem é a maior desde 1996. O volume superou 1 milhão de contratos pela primeira vez. Fundos de investimento correram para os mercados de commodities - entre elas o petróleo - conforme o dólar despencava para novas mínimas ante o euro (US$ 1,577 no início da noite) e a temperatura voltava a subir no Oriente Médio. As perdas da moeda americana são decorrência dos números do mercado de trabalho dos Estados Unidos em maio. A taxa de desemprego alcançou 5,5%, de 5% no mês anterior. Para alguns economistas, a elevação traz de volta o fantasma da recessão no país. Com isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) seria obrigado a manter a taxa básica de juros em 2% ao ano por um longo período. Como o juro na zona do euro é maior (4% ao ano) e pode até subir mais, investidores trocam as aplicações em papéis de renda fixa dos EUA por títulos semelhantes da zona do euro. Esse movimento valoriza a moeda européia e, conseqüentemente, derruba o dólar. Na quinta-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que a inflação na região preocupa e indicou que a taxa básica de juros pode subir já na próxima reunião da instituição, em julho. A forte escalada dos preços ontem forçou a Nymex a adotar uma rara medida de suspensão das transações na plataforma eletrônica em todos os contratos de energia por três minutos, a partir das 14h12 (de Brasília), para dobrar os limites de oscilação dos contratos. No caso do petróleo, esse limite passou de US$ 10,00 para US$ 20,00 por barril. "Isso é perturbador, uma vez que limites mais altos podem desencadear mais ganhos vertiginosos", disse Gene McGillian, analista da TFS Energy Futures. "Houve uma combinação de fatores hoje (ontem). Mas mostra que todas as coisas que tinham orientado o movimento de alta este ano ainda estão no lugar", acrescentou, referindo-se ao movimento dos investidores que mais uma vez buscaram refúgio nos futuros de petróleo contra a queda acentuada do dólar. Outro fator que turbinou o mercado de petróleo ontem foi um relatório do banco de investimentos Morgan Stanley, no qual o analista Ole Slorer disse que as cotações poderiam subir para US$ 150 por barril até o feriado de 4 de julho nos EUA. Ele argumentou que a demanda por combustíveis cresce muito no país nessa data. Segundo Slorer, os países asiáticos estão assumindo uma "porção sem precedentes" do petróleo mundial, que está combinada com a estagnação no crescimento da oferta. "Ao mesmo tempo, os estoques do Atlântico são reduzidos para níveis criticamente baixos." Com relação à tensão no Oriente Médio, operadores citaram o alerta do vice-primeiro-ministro de Israel, Shaoul Mofer, contra o programa de enriquecimento nuclear do Irã. "Se o Irã continuar seu programa de armas nucleares, vamos atacá-lo", disse Mofer ao jornal Yediot Aharonot. "Outras opções estão desaparecendo. As sanções não são eficazes. Não haverá alternativa a não ser atacar o Irã com objetivo de parar o programa nuclear." ESTAGFLAÇÃO A taxa de desemprego e a forte alta do petróleo levaram alguns analistas a citar novamente a palavra estagflação para se referir à economia americana. Essa situação é caracterizada por crescimento baixo (ou até mesmo negativo, em caso de uma recessão) e inflação em alta (normalmente atribuída a um item importante da cesta de preços, como o petróleo). "Esse é o pior ambiente econômico possível", observou Dave Rovelli, diretor-gerente da administradora de recursos especializada em ações Canaccord Adams, em Nova York. "Não consigo ver como isso que estamos vivendo não seja estagflação."

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