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PF cogita ouvir ex-técnicos da Petrobras sobre furto de dados

Fonte ligada à companhia disse ao Estado que cerca de 40 técnicos saíram da estatal nos últimos quatro meses

Por Kelly Lima e Marcelo Auler
Atualização:

A cúpula da Polícia Federal define nesta segunda-feira, 18, o nome de um de seus diretores designado a acompanhar passo a passo as investigações sobre o furto dos dados sigilosos da Petrobras, que estavam contidos em quatro notebooks e dois discos rígidos. Até o momento, o que se sabe sobre o caso é que os equipamentos foram levados de dentro de um contêiner que estava sendo transportado entre uma plataforma na Bacia de Santos e a base da empresa Halliburton, em Macaé, no norte fluminense. A PF pretende colher esta semana os depoimentos de funcionários da Petrobras, da Halliburton (empresa contratada pela estatal e dona dos notebooks desaparecidos com os dados) e da Transmagno, responsável pelo transporte do container em terra.  Segundo o Estado apurou, também há a possibilidade de a Polícia Federal chamar para depor técnicos da Petrobras que atuam na área de exploração na sede da empresa e até mesmo ex-funcionários que tenham deixado a estatal nos últimos meses. Uma fonte ligada à companhia, lembrou que pelo menos 40 técnicos da área de exploração saíram da Petrobras nos últimos quatro meses, atraídos pela concorrência em outras companhias petrolíferas nacionais e estrangeiras. "Esses técnicos conheciam os procedimentos de transporte e detalhes da segurança", disse a fonte. Veja também: A exploração de petróleo no Brasil A maior jazida de petróleo do País Material roubado estava em sonda na bacia de Santos, diz PF Dilma diz que há indícios de espionagem no caso Petrobras O comando das investigações deverá continuar com a delegada Carla Dolinski, da PF de Macaé, responsável pela abertura do inquérito no último dia 7 de fevereiro. Mas segundo fonte da PF, além de um diretor da cúpula da Polícia Federal - do Rio ou de Brasília, ainda não definido - serão enviados agentes para reforçar as investigações.  A Petrobras continua mantendo sigilo sobre o assunto e não informou sequer se houve qualquer alteração em seu procedimento padrão de segurança de dados, após o roubo. Informações de fonte ligada à cúpula da PF no Rio dão conta de que o principal rumo das investigações deve realmente seguir a linha de suspeita de espionagem industrial. Segundo esta fonte, está praticamente descartada a hipótese de ter havido um roubo comum de equipamentos que, por coincidência, teriam dados importantes da empresa. O que se sabe por enquanto sobre o roubo é muito pouco. O contêiner em questão era usado pela Halliburton como uma espécie de escritório flutuante para a avaliação dos dados técnicos retirados da área de Júpiter, na Bacia de Santos, onde a Petrobras informou ter encontrado acumulações de gás natural abaixo da camada pré-sal. A Halliburton, segunda maior companhia de serviços de petróleo do mundo, era a responsável pelos computadores que continham as informações da Petrobras. A empresa estava com estas informações por conta de um contrato que possui com a estatal desde o ano passado para fornecer serviços de teste de exploração e desenvolvimento em ambientes de alta pressão, alta temperatura e águas profundas no Brasil. O contrato, com validade de quatro anos, tem valor de US$ 270 milhões, e prevê que a empresa trabalhe juntamente com a Expro International Group para realização dos testes de reservatórios. O contêiner deixou a área de Tupi onde a sonda estava instalada, em 18 de janeiro, chegando ao terminal de contêineres Multiportos no Rio, no dia 25 do mesmo mês. De lá, partiu por terra, em caminhão da Transmagno, até a base da Halliburton em Macaé, onde foi aberto no dia 1º de fevereiro. A Petrobras limitou-se a divulgar uma nota confirmando o roubo.

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