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PF tem 60 dias para encerrar inquérito sobre o Noroeste

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal de São Paulo tem 60 dias para concluir inquérito que apura desfalque de US$ 242 milhões contra o banco Noroeste, comprado pelo Santander em 1997. O prazo foi dado pelo juiz João Carlos da Rocha Mattos, da 12ª Vara Federal. Desde que os desvios vieram a público, em 1998, os advogados, contratados pelos antigos acionistas do banco, já rastrearam cerca de US$ 190 milhões, pulverizados em mais de 150 contas bancárias, em operação que já é considerada a maior de lavagem do dinheiro do planeta. A Justiça brasileira vem sendo pressionada por tribunais de vários países, que pedem documentações para completar processos lá instaurados. Cerca de US$ 100 milhões em bens comprados com o dinheiro desviado ou depositados em contas correntes já foram bloqueados: US$ 40 milhões estão no Reino Unido e outros US$ 60 milhões nos Estados Unidos, numa conta em nome de Nélson Sakagushi, ex-diretor da área internacional do Noroeste, apontado como um dos mentores do golpe. Sakagushi era o responsável pelo controle da agência do Noroeste nas Ilhas Cayman, conhecido paraíso fiscal no Caribe, que serviu como ralo para o escoamento do equivalente à metade dos US$ 480 milhões pagos pelo Santander pelo controle do banco brasileiro. O valor do rombo acabou sendo descontado do pagamento efetuado aos antigos controladores do Noroeste, as famílias Simonsen e Cochrane. Mas o pivô do escândalo continua alegando inocência, afirmando que desconhecia a existência do depósito e que o dinheiro foi usado indevidamente em seu nome. Sakagushi já admitiu, entretanto, que pelo menos US$ 6 milhões foram entregues a uma mãe-de-santo com quem se consultava, em São Paulo, e insiste em dizer que o dinheiro estava sendo investido na construção de um aeroporto na Nigéria. Atendendo à decisão do juiz Rocha Mattos, o superintendente do PF, Ariovaldo Peixoto dos Santos, designou o delegado Mário Sérgio Salles Abdo para prosseguir nas investigações. O juiz afirmou que o antigo encarregado do caso, o delegado Marcos Vinícius Deneno, "poucas medidas investigatórias promoveu, no decorrer de largo tempo". Abdo conta com uma equipe de agentes especialmente designada para "auxílio direto". Rocha Mattos adverte que o prazo de 60 dias - que se esgota em meados de julho -, "não será prorrogado em hipótese alguma". Todas as investigações fora do Brasil estão sendo financiadas pelos banqueiros Ronald Wallace Simonsen, Jorge Wallace Simonsen Júnior, Leo Wallace Cochrane Júnior e Luiz Vicente Barros Mattos Júnior, ex-controladores do Noroeste. Eles figuram no inquérito como vítimas "do maior golpe que se tem notícia na história do sistema bancário nacional" e já gastaram US$ 10 milhões com as investigações no exterior. Foram eles também que pediram instauração de inquérito em São Paulo para apurar o golpe, que passou às mãos da Polícia Federal em julho de 1999. Os ex-controladores do Noroeste asseguram que, além dos prejuízos materiais, "suportam ainda hoje sensível abalo no auto conceito profissional e pessoal", construído no curso de quatro gerações de banqueiros. Eles afirmam que empregarão todos os meios necessários para recuperar o dinheiro, "alcançar os criminosos e desbaratar todas as fraudes que possibilitaram essa assombrosa usurpação do patrimônio alheio."

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