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PIB agrícola tem crescimento recorde

Por Agencia Estado
Atualização:

O aumento da safra de grãos, que atingiu 98,6 milhões de toneladas no ano passado, aliado à elevação da produtividade e à recuperação dos preços dos principais produtos agrícolas, fez com que o PIB da agricultura registrasse crescimento recorde de 8,18% no primeiro semestre. Segundo dados divulgados hoje pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em junho houve crescimento de 1,42%. Esses dados permitem estimar que até o fim de dezembro o PIB da agricultura - que mede o desempenho das lavouras (sem incluir insumos, processamento e distribuição dos produtos agrícolas) - poderá chegar a R$ 59,01 bilhões ante os R$ 54,54 bilhões verificados no ano passado. A exceção foi o PIB da pecuária, que, devido à queda nos preços no mercado interno, registrou crescimento de somente 0,21% de janeiro a junho. Em junho, ocorreu uma variação negativa de 0,18%. A projeção para 2002 é de que o PIB da pecuária atinja R$ 44,95 bilhões, valor pouco acima dos R$ 44,86 bilhões do ano passado. A soma dos dois setores, que reflete o PIB da agropecuária, se mantidos esses números, fechará 2002 em R$ 103,96 bilhões. Os dados, calculados pela CNA em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), também indicam que houve um aumento de 2,73% no PIB do agronegócio brasileiro nos seis primeiros meses do ano. Como consequência, até o fim do ano o PIB desse setor deverá alcançar R$ 354,36 bilhões, resultado acima dos R$ 344,95 bilhões obtidos em 2001. "Esses resultados são extremamente expressivos porque no primeiro semestre ocorre o momento mais forte da comercialização agrícola", disse o chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco. Segundo ele, o resultado do primeiro semestre, que reflete uma tendência no desempenho da agricultura nos últimos anos, também deverá se estender a 2003. Dados do IBGE indicam que houve um aumento de 34% no volume de adubos e fertilizantes comercializados no primeiro semestre, em relação a igual período de 2001. Também ocorreu expansão de 11% na compra de máquinas e equipamentos agrícolas, quando se compara este semestre com janeiro-junho do ano passado. "O aumento do uso de insumos indica que os produtores estão fazendo investimentos para melhorar o rendimento das lavouras", disse Pernambuco. Com base nesses indicativos, o Ministério da Agricultura já está prevendo que a próxima colheita de grãos deverá ficar em torno de 105 milhões de toneladas. A colheita 2001/02 foi de 98,5 milhões de toneladas. Pernambuco afirmou que o crescimento de 8,18% registrado no PIB da agricultura no primeiro semestre reflete o aumento que está ocorrendo na renda do produtor. O Valor Bruto da Produção (VBP), que mede o faturamento bruto do setor, deverá ter um crescimento real (descontada a inflação) de 9,7% neste ano. A estimativa da CNA é de que o VBP, considerando a média de preços do semestre passado, seja de R$ 103,5 bilhões, ou R$ 9 bilhões a mais que 2001. A projeção é de que o faturamento bruto da agricultura neste ano será de R$ 62,5 bilhões e o da pecuária, de R$ 41 bilhões. A recuperação dos preços internacionais de algumas commodities e a desvalorização do real frente ao dólar têm proporcionado um desempenho excepcional à lavoura de soja, por exemplo. A safra de soja, que foi de 37,2 milhões de toneladas no ano passado, deverá ficar em 41 milhões de toneladas nesta colheita. Arroz, cacau, feijão, trigo, laranja e milho são os outros produtos que deverão ter um faturamento bruto favorável neste ano. O VBP do arroz cresceu 27,4% - devido ao aumento da produção e à recuperação dos preços -, o que deverá permitir um faturamento bruto para o setor de R$ 3,8 bilhões até o final de dezembro. Ou seja, R$ 800 milhões a mais que o ano passado. Para o feijão, o VBP está estimado em R$ 3,1 bilhões, contra R$ 2,4 bilhões de 2001. Esses resultados deverão levar ao aumento do plantio desses produtos na próxima safra. O milho será um dos poucos produtos que deverá ter redução de área porque os produtores estão preferindo plantar mais soja devido aos preços melhores.

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