PIB cresceu 1% no 1.º trimestre, e as perspectivas não são boas

Previsão é de taxas menores ou mesmo negativas no 2.º semestre, escreve o economista Roberto Macedo

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Por Roberto Macedo
2 min de leitura

O IBGE anunciou nesta quinta-feira, 2, que o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre, relativamente ao último trimestre de 2021. As estimativas do mercado estavam mais para 1,5%. Isoladamente, a taxa não é das piores, mas precisaria se manter ou se ampliar no restante do ano. Mas essa não é a perspectiva dos analistas, que estão prevendo a repetição da taxa no segundo trimestre, e até taxas menores ou mesmo negativas nos dois últimos do ano.

O gráfico que integra este artigo mostra que, depois da recuperação em V da forte queda de 2020 a linha do PIB tomou mais o formato do símbolo da raiz quadrada, com a economia seguindo sua rota de estagnação, no sentido de crescer abaixo do seu potencial desde a década de 1980, o que se agravou com o desempenho dos últimos anos. Os dois últimos trimestres mostram uma leve subida da linha, mas não vejo condições de se fortalecer com vigor no horizonte que se pode contemplar.

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O último número do gráfico, 174,13, indica que o PIB ainda não voltou ao valor em índice que já havia alcançado no quarto trimestre de 2014 (!), ou seja, 175,2.Ou seja, desde então entrou numa depressão que se revela duradoura.

No trimestre que passou, o segmento que mais se destacou foi o de eletricidade e gás, esgoto e atividades de gestão de resíduos, que cresceu 6,6%, talvez impulsionado pelas maiores tarifas de energia relativamente à evolução dos preços em geral que compõem o PIB. No desempenho negativo, a agropecuária, com -0,9%, merece atenção, pois usualmente cresce no primeiro trimestre.

Rua 25 de Março, em São Paulo;consumo das famílias impulsionou o resultado do PIB Foto: Werther Santana/Estadão

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Os investimentos tiveram queda de 3,5%, e são bastante prejudicados pelo clima geral de incertezas que domina a economia. Do lado da demanda, o consumo das famílias aumentou 0,7%, afetado pela maior inflação e pelo endividamento, enquanto o consumo do governo ficou praticamente estacionado, subindo 0,1%, um indicativo de dificuldades fiscais.

*Economista (UFMG, USP E Harvard), é consultor econômico e de ensino superior

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