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PIB argentino deve ter queda violenta

Por Agencia Estado
Atualização:

Os números não são nada alentadores para a Argentina, país de 36 milhões de habitantes, dos quais mais de 14 milhões são pobres e miseráveis. Enquanto a inflação de fevereiro promete não ser menos que 5%, tudo indica que o país baterá, neste ano, outro triste recorde de queda do PIB (Produto Interno Bruto) que deverá ser de 8% a 13% a menos que o ano passado. Se a projeção feita pelas principais consultorias econômicas se confirmar, a Argentina terá o seu pior desempenho desde o ano de 1914, quando o PIB caiu 10,4%. As estimativas questionam fortemente se o quarto ano de recessão da Argentina será o último, como vem apregoando o governo de Eduardo Duhalde, que acredita num início de crescimento a partir do ano que vem. A queda projetada para este ano indica que de 1998, início da recessão, até 2002, a economia sofrerá uma perda de 17,4%, constituindo-se o período recessivo mais longo e mais grave da história nacional. Maior até mesmo que a histórica crise dos anos 30 (1930-1932), cujo Produto Interno caiu 14,4%. Segundo levantamento feito pelo jornal Ámbito Financiero, com base em dados do Ministério de Economia, se as projeções pessimistas forem confirmadas, quando chegar o final deste ano, a Argentina terá retrocedido nove anos em sua história e se encontrará produzindo a mesma quantidade de bens e serviços produzidos em 1993. Além disso, também se estima que a inflação acumulada de 2002 atingirá a elevada marca de 30% contra projeção de 14% do governo. As projeções foram feitas por consultores como Miguel Angel Broda, Orlando Ferreres e José Luis Espert - o mais pessimista de todos que aposta na cifra de 13% - e consultorias como Ecolatina, Centro de Estudos Macro-Econômicos da Argentina (CEMA), Fundação Mercado, entre outras. Inflação As estatísticas diárias revelam que a Argentina vai de mal a pior também com relação à inflação. Enquanto o ministro de Economia, Jorge Remes Lenicov , admite que fevereiro já registou uma inflação de 2,2%, a Associação de Consumidores Argentinos calcula que o final do mês chegará com inflação em 5%, o que somado ao mês de janeiro (2,3%) dará nada menos que 7,3%. Se o número for projetado para todo o ano, dificilmente o ministro Lenicov poderá cumprir sua meta de 14% a 15% de inflação anual e, pior ainda, terá chegado ao primeiro trimestre do ano com metade da meta cumprida. Para agravar a situação, tudo leva a crer que o aumento dos combustíveis será irreversível, já que o presidente Eduardo Duhalde não conseguiu ainda chegar a um acordo com as petroleiras. O impacto deste aumento será grande porque influencia em todos os setores produtivos. Dólar O dólar fechou em 2,20 pesos para a venda e 2,05 pesos para a compra, sendo que em algumas casas de câmbio, esta cotação para a venda chegou a fechar em 2,30 pesos, apesar da primeira intervenção do Banco Central. O BC não comenta se houve intervenção ou não, conforme política adotada pela diretoria do BC, segundo informou a assessoria de imprensa. Porém, várias fontes do mercado confirmaram que houve intervenção através do Mercado Aberto Eletrônico (MAE), embora estas fontes considerem que a atuação do BC foi "extremamente tímida" e, por isso mesmo, não conseguiu freiar a alta da moeda. Segundo o mercado, o BC leiloou US$ 24 milhões ao custo de 2,05/2,02/ e 2,00 pesos, em uma operação chamada de "Transferências", pela qual o BC credita os dólares nas contas das respectivas entidades financeiras no Deustche Bank de Nova York contra os débitos em pesos na conta local que estes mantém com o BC. Ou seja, este sistema não envolve a entrega de papel mas são feitas compensações eletrônicas. "Se o governo quer intervir, como anunciou o presidente Eduardo Duhalde, tem que ser contundente porque, caso contrário, ficará queimando reservas sem exercer nenhum influência na cotação do dólar", disse à Agência Estado um operador de câmbio. Leia o especial

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