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PIB brasileiro cresce com investimentos, apesar de ritmo menor

Por RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

Apesar de uma desaceleração, a economia brasileira sustentou-se em alta no primeiro trimestre impulsionada pelos investimentos e pela indústria. Caso o ano terminasse em março, o país teria crescido 5,8 por cento e registrado a maior taxa desde 1996. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,7 por cento em relação ao final do ano passado (menor taxa desde o segundo trimestre de 2006) --entre outubro e dezembro de 2007 a economia havia crescido 1,6 por cento sobre os três meses anteriores. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 5,8 por cento, num ritmo inferior aos 6,2 por cento do período anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Economistas ouvidos pela Reuters previam expansão de 0,8 por cento e de 5,6 por cento. "A taxa desacelerou, mas continua sendo bastante expressiva", avaliou a economista do IBGE Rebeca Palis. A formação bruta de capital fixo --uma medida dos investimentos na economia-- cresceu 1,3 por cento. Na comparação com o mesmo período de 2007, a expansão foi de 15,2 por cento. Embora essa medida tenha desacelerado levemente, a taxa de investimento atingiu valor equivalente a 18,3 por cento do PIB, melhor primeiro trimestre desde 2000. Outro motor para a expansão do início deste ano foi a indústria, que cresceu 1,6 por cento na comparação com o quarto trimestre de 2007, enquanto o setor de serviços avançou 1,0 por cento. Já a agropecuária foi o fator negativo, com queda de 3,5 por cento Na comparação anual, a indústria registrou avanço de 6,9 por cento (melhor taxa desde o segundo trimestre de 2004), com o setor agropecuário crescendo 2,4 por cento e o de serviços, 5,0 por cento. Palis acrescentou que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já estão "impactando positivamente". "Obra pública e eleições também ajudaram o PIB." CONSUMO DO GOVERNO EM ALTA O consumo das famílias avançou 0,3 por cento entre o último trimestre do ano passado e os três primeiros meses de 2008, mas se expandiu 6,6 por cento na comparação anual, marcando o 18o crescimento consecutivo. O consumo do governo, por sua vez, cresceu 4,5 por cento entre o final do ano passado e o início deste ano (maior taxa desde o início da série, em 1996). Na comparação com a abertura de 2007, a expansão foi de 5,8 por cento (maior nível desde o primeiro trimestre de 2002). Esses gastos foram acelerados pelo calendário eleitoral, segundo o IBGE. "Em ano de eleição sempre há aumento de gastos dos governos federal, estaduais e municipais. Eles têm de antecipar despesas" devido à lei eleitoria, acrescentou Palis. SETOR EXTERNO Segundo o IBGE, a demanda externa teve forte impacto negativo no primeiro trimestre e as exportações apresentaram a primeira taxa negativa (de 2,1 por cento ante o primeiro trimestre de 2007) desde o segundo trimestre de 2006. "O câmbio e a greve dos auditores são os fatores que explicam o setor externo negativo. Em 2006, também houve impacto de uma outra greve da Receita Federal", afirmou Palis. O IBGE destacou que as exportações já apresentam um resultado nominal negativo. O saldo externo negativo e o aumento do envio de lucros e dividendos ao exterior provocaram uma necessidade de financiamento do país de 21 bilhões de reais no primeiro trimestre, pior resultado para o período desde 2000. Em valores correntes, o PIB brasileiro somou 665,5 bilhões de reais no primeiro trimestre. (Com reportagem adicional de Daniela Machado e Renato Andrade; texti de Daniela Machado; edição de Alexandre Caverni)

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