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PIB britânico despenca e mantém dúvidas de recuperação

Por MATT FALLOON E CHRISTINA FINCHER
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A economia da Grã-Bretanha teve a maior retração desde 1979 no primeiro trimestre, quando o gasto do consumidor teve a maior queda desde 1980 e as empresas usaram estoques em ritmo recorde. Analistas argumentam que provavelmente o pior já passou e agora o debate cresce em torno de quando o crescimento voltará e sobre quão sustentável será a retomada. Muitos esperam que a política monetária siga afrouxada por mais algum tempo. O Banco da Inglaterra não tem clareza sobre as perspectivas futuras da economia, indicando que taxas positivas do PIB podem ser vistas na virada do ano, mas alertando que a fraqueza pode se estender caso os bancos não aumentem os financiamentos. A agência nacional de estatísticas informou nesta sexta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,9 por cento sobre os três meses imediatamente anteriores, a maior queda desde o terceiro trimestre de 1979. O dado confirmou a divulgação preliminar e ficou em linha com a estimativa do mercado. Sobre o primeiro trimestre de 2008, o PIB recuou 4,1 por cento, a maior taxa negativa desde o quarto trimestre de 1980. "Embora a economia britânica possa ter já passado o piso dessa recessão, qualquer recuperação parece que será construída sobre uma base muito frágil", disse Jonathan Loynes, economista-chefe do Capital Economics. Vários componentes do PIB respaldam a visão de que uma recuperação sustentável pode não ocorrer ainda. Do lado dos gastos, apenas o do governo teve uma contribuição positiva para o PIB. O gasto do consumidor declinou 1,2 por cento trimestre a trimestre, a maior baixa também desde o quarto trimestre de 1980. Os consumidores estão claramente sofrendo com o aumento do desemprego, a fraqueza do mercado imobiliário e a escassez do crédito. Apesar da libra fraca, a demanda externa por bens britânicos está caindo, em 8,3 por cento no primeiro trimestre. "É provável que tenhamos um longo período antes de a Grã-Bretanha retornar a um período de expansão robusta e estável", afirmou Colin Ellis, economista do Daiwa Securities. Os estoques tiveram queda recorde, contribuindo com 0,6 ponto percentual para o declínio trimestral do PIB. Alguns analistas disseram que isso pode significar que as empresas atingiram o pico no uso de estoques para atender a demanda, indicando que os dados futuros do PIB podem ser menos afetados negativamente pelos estoques. "Veremos novas quedas nos próximos trimestres, mas em ritmo inferior", disse Brian Hilliard, economista do Société Générale. Mas, sem um salto nas encomendas, isso pode ser uma falsa boa notícia.

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