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PIB chinês retoma ritmo de crescimento e tem alta de 6,9%

Mesmo com dúvidas sobre os dados do governo, há indícios de aceleração puxada por construção, varejo e exportações

Por Keith Bradsher
Atualização:

O ritmo de crescimento da economia chinesa acelerou no ano passado pela primeira vez em sete anos, com exportações, construções e gastos em consumo subindo fortemente. Pelo menos, é o que diz o governo. Na verdade, ninguém sabe bem qual é esse crescimento. Mas vários indícios sugerem que houve mesmo aceleração, o que pode dar ao governo o espaço de que necessita para fazer frente neste ano ao acúmulo de sérios problemas financeiros, ambientais e sociais. 

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Avaliar o tamanho e a saúde da segunda maior economia do planeta é, na melhor das hipóteses, difícil. Os números oficiais são implausivelmente estáveis. Funcionários de regiões remotas admitem que suas estatísticas têm erros. Igualmente, analistas do exterior que examinaram os dados chegaram a resultados diferentes - em geral, mais fracos. 

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Segundo dados do governo chinês, o fortalecimento das exportações, das vendas no varejo e do mercado imobiliário ajudou a incentivar o crescimento no país. Foto: Chinatopix via AP

O Birô Nacional de Estatísticas chinês anunciou ontem que a economia cresceu 6,9% no último ano, ante 6,7% em 2016, quebrando um ciclo de desaceleração que começou em 2011. No quarto trimestre de 2017, segundo o birô, o crescimento foi de 6,8% em relação a um ano atrás. 

O fortalecimento das exportações, das vendas no varejo e do mercado imobiliário ajudou a incentivar o crescimento, deixando a China em melhor posição para enfrentar problemas que incluem, entre outros, forte crescimento da dívida e severa poluição ambiental. 

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Mas esse crescimento saiu caro: tomar mais empréstimos desencadeou avaliações negativas por parte de agências de classificação de risco; a poluição do ar, água e solo piorou; e dezenas de milhões de trabalhadores que foram trabalhar em grandes cidades têm de deixar os filhos nas cidades de origem, o que agravou problemas sociais. O presidente Xi Jinping afirmou no 19.º Congresso do Partido Comunista, em outubro, que para solucionar alguns dos problemas crônicos o país deve parar de der ênfase ao máximo crescimento econômico a qualquer custo.

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Os índices anuais de crescimento da China há muito estavam estáveis. Mas os números do quarto trimestre são suspeitamente otimistas, diferentemente do crescimento em igual período de outros países. 

Cada vez mais, a China vem admitindo falhas em seus números, particularmente em dados provinciais. A região da Mongólia Interior revelou neste mês que dois quintos da produção industrial anunciada em 2016 não existem. A Província de Liaoning, no nordeste da China, admitiu que turbinou estatísticas de crescimento de 2011 a 2014. 

Ning Jizhe, diretor do Birô Nacional de Estatísticas, disse ontem em Pequim que as discrepâncias entre dados provinciais e nacionais estão diminuindo. “Dados locais não vão abalar a credibilidade das estatísticas nacionais”, afirmou. 

“Dizer que eles mentem ou não é simplificar as coisas”, afirmou Pauline Loong, diretora a Asia-analytica, consultoria de Hong Kong. “Eles definem seus dados de modo diferente, e vão mudando as definições.” / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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