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PIB do 4º trimestre caiu 0,17%, indica BC

Em 2013, índice calculado pelo Banco Central aponta crescimento de 2,52%

Por BRASÍLIA
Atualização:

A economia brasileira encolheu pelo segundo trimestre consecutivo nos últimos três meses do ano passado, segundo o índice de atividade divulgado pelo Banco Central (BC). O IBC-Br apresentou queda de 0,17% no quarto trimestre do ano passado em relação ao trimestre anterior, depois de cair 0,21% no terceiro trimestre. No ano, houve crescimento de 2,52%.

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No jargão dos economistas, dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB) configuraria uma "recessão técnica". Mas, para analistas, ainda não é possível usar esse termo para a economia brasileira, pelo fato de o IBC-BR, apesar de ser considerado uma prévia do PIB oficial, não apontar com fidelidade para o indicador do IBGE.

Segundo levantamento feito pelo serviço AE Projeções logo após a divulgação do IBC-Br, o PIB oficial do quarto trimestre, que sai no próximo dia 27, deve ficar entre estabilidade e crescimento de 0,6%. A maior parte das previsões indica uma expansão de 0,3% para o PIB dos três últimos meses do ano passado na comparação com o trimestre anterior.

"Tem gente que vai falar em recessão técnica, mas não é bem assim, é preciso esperar para ver se o PIB do quarto trimestre vem negativo. O que vale é o dado do IBGE", disse o economista-chefe do banco Besi Brasil, Flávio Serrano. Para ele, o quarto trimestre ficará entre estabilidade e alta de 0,4%. O PIB do terceiro trimestre de 2013 teve recuo de 0,5%.

De acordo com Serrano, há muito tempo o Brasil sofre com um mix de resultados ruins, com atividade fraca e inflação alta. "O incentivo ao consumo e o aumento do gasto público não estão surtindo efeito", afirmou. "Apesar de o indicador ter avançado 2,52% no ano passado, todo o crescimento ficou concentrado no primeiro semestre."

Indústria.

Na avaliação do economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, as duas quedas trimestrais no IBC-Br são reflexo de atividade industrial retraída. O desempenho negativo da atividade no fim do ano passado, ajudado também pela desaceleração no varejo, que deve persistir em 2014, indica que o PIB do primeiro trimestre deste ano possa ser mais fraco que o previsto, segundo ele. A Tendências avalia que o PIB deve avançar 0,2% nos últimos três meses de 2013. Com isso, o Brasil deve escapar de uma recessão.

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O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, também avalia que o dado do BC mostra uma evolução "bastante lenta" da economia brasileira, mas ainda fora de uma ameaça de recessão. "O ritmo de crescimento é baixo por conta de inflação, juro alto, pouco dinamismo do setor exportador e da indústria que não consegue competir bem nos mercados externo e doméstico."

O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, afirmou que os dados do BC confirmam que o Brasil está crescendo em ritmo decepcionante. "O que esperávamos para a economia há alguns anos não está se realizando", afirmou o economista.

Leal pondera, no entanto, que o quadro apontado pelo IBC-Br não necessariamente vai se repetir no PIB calculado pelo IBGE. "São metodologias e dados diferentes. Eu tomaria cuidado ao dizer que o IBC-Br sinaliza que o PIB vai estar em recessão." O ABC Brasil espera uma alta de 0,1% para o PIB no último trimestre de 2013 e um avanço de 2,1% no ano.

Gustav Gorski, economista-chefe da Quantitas Asset, por outro lado, avalia que o IBC-Br confirmou uma provável recessão no Brasil. Gorski pondera, no entanto, que a recessão não é um cenário tão ruim se ajudar a inflação a convergir para a meta de 4,5% em 2015.

"Se houver uma recessão, mesmo que seja pequena, mas conseguir convergência da inflação para 2015, é um cenário bem mais positivo do que a economia ficar andando devagar com inflação alta por um longo período", disse Gorski.

Para ele, é muito provável que o BC reduza o ritmo de alta da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 25 e 26. No encontro mais recente, a autoridade monetária elevou a taxa Selic de 10% para 10,5%.

/ EDUARDO CUCOLO, GABRIELA LARA, GUSTAVO PORTO E LUCIANA ANTONELLO XAVIER

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