A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) prevê que o Brasil amargará o segundo pior desempenho entre todas as grandes economias citadas no relatório anual sobre Comércio Exterior e Desenvolvimento. De acordo com a entidade, a economia brasileira deverá terminar o ano com contração de 1,5%. Só a Rússia deve ter desempenho pior que o do Brasil e registrar queda da atividade de 3,5%.
O relatório divulgado nesta terça-feira mostra expectativa da entidade de que o Produto Interno Bruto (PIB) do mundo interromperá a sequência de dois anos seguidos de alta e deverá terminar o ano de 2015 com crescimento de 2,5%, exatamente no mesmo ritmo visto no ano passado. A estabilidade acontecerá basicamente porque os países em desenvolvimento crescerão menos. Já as nações ricas devem apresentar ritmo mais forte pelo quarto ano seguido.
Segundo a Unctad, o conjunto de países em desenvolvimento deve crescer 4,1% em 2015, menos que os 4,5% observados no ano passado. Se confirmado, será o menor ritmo desde 2009, quando o grupo cresceu 2,6%. Por país, o Brasil deve ver o PIB passar de um crescimento de 0,1% no ano passado para queda de 1,5% este ano. Já a China deve desacelerar de 7,4% para 6,9%. A Índia, ao contrário, deve avançar pelo terceiro ano seguido de 7,1% para 7,5%.
Pior país de todas as projeções da Unctad, a Rússia deve terminar 2015 com contração do produto de 3,5%, ante crescimento de 0,6% no ano passado.
Mesmo com essa desaceleração no conjunto dos países em desenvolvimento, a taxa nominal dos emergentes ainda será mais que o dobro dos desenvolvidos.
No relatório, a Unctad prevê que conjunto dos países desenvolvidos deverá terminar o ano com crescimento de 1,9%, acima do ritmo de 1,6% registrado no ano passado. Entre os países do grupo, os Estados Unidos devem terminar com expansão de 2,3%, ligeiramente abaixo dos 2,4% do ano passado. A zona do euro deve crescer 1,5% (ante 0,8% em 2014) e o Japão terá ritmo de 0,9% (ante -0,1%).
América Latina. A economia da América Latina deve ver o ritmo de crescimento cair quase pela metade este ano. Para a Unctad, a região deve terminar 2015 com crescimento médio de 0,8%, ante expansão de 1,4% registrada no ano passado. A entidade nota que os governos da região têm menos espaço para adotar políticas públicas de apoio à atividade.
"É provável que a desaceleração na região da América Latina e do Caribe, que começou em 2011, continue em 2015. Em particular, a América do Sul e o México foram afetados por perdas nos termos de troca do comércio e pela volatilidade dos fluxos de capital", diz o relatório. A instituição nota que a conjunta externa desfavorável e a dificuldade dos governos nacionais para a adoção de políticas anticíclicas como a expansão do crédito "enfraquece a capacidade de fornecer políticas de apoio" à economia da região.
Sem citar nomes, a Unctad nota, ao contrário, que alguns dos países latino-americanos têm adotado políticas contracionistas atualmente. O Brasil é um desses países que tem apertado as condições nos últimos trimestres ao elevar juros e reduzir gastos públicos.
De acordo com o relatório, entre as grandes economias e regiões da América Latina, o crescimento alcançará 2,1% no México (mesmo ritmo de 2014), 3,3% no Caribe e 3,7% na América Central. A América do Sul deve ir no sentido contrário ao registrar contração de 0,2%.