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PIB europeu tem queda recorde

Produto Interno Bruto da zona do euro cai 4,8% no primeiro trimestre do ano, mais do que o previsto

Por Jamil Chade
Atualização:

A economia europeia sofreu, no primeiro trimestre, uma contração maior do que a prevista e a queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi recorde. Em comparação com o mesmo período de 2008, nos três primeiros meses do ano, a economia dos 16 países que usam o euro teve contração de 4,8%. Os preços ao consumidor também tiveram queda recorde. Mas os europeus avaliam que o pior já passou e, a partir de agora, uma recuperação será iniciada. O Fundo Monetário Internacional (FMI) é cauteloso: aponta que a recuperação da economia será lenta e poderá levar até dois anos para que o cenário volte aos níveis pré-crise. Há 15 dias, a Comissão Europeia havia previsto queda de 4,6% do PIB no primeiro trimestre. A revisão foi feita diante da constatação de que o recuo da economia nos últimos três meses de 2008 foi de 1,8%, e não 1,6%, como se estimava. O número é o pior desde que o índice regional começou a ser coletado em 1995. Entre o último trimestre de 2008 e o primeiro de 2009, a queda do PIB se manteve como o previsto, com recuo de 2,5% - a maior já registrada pelo bloco. O setor mais atingido foi o industrial, com redução de 15,7% em comparação ao ano anterior. A queda entre trimestres foi de 8,8% por causa da redução no comércio internacional. Os investimentos continuaram caindo, com recuo de 4,2%, depois de uma contração de 4,3% no trimestre anterior. Os gastos de consumidores também tiveram queda recorde, de 0,5%. As exportações caíram 8,1% e as importações, 7,2%. No restante da UE, com 27 países, o cenário é o mesmo. A queda do PIB foi de 2,4% entre os trimestres e de 4,5% em comparação aos primeiros meses de 2008. Na Letônia e Eslováquia, o recuo da economia foi de mais de 11%. De todos os países do bloco, só a Polônia teve expansão do PIB, de apenas 0,4%. A Comissão Europeia espera que o resultado negativo do trimestre tenha sido o fundo do poço nessa crise mundial. Mas os economistas do bloco alertam que a retomada de um crescimento pode agora levar mais tempo que nos Estados Unidos, a origem da recessão. Com uma queda no comércio internacional e no consumo privado, a Europa passou a enfrentar a maior recessão desde a 2ª Guerra Mundial e se mostrou mais vulnerável que a própria economia americana. Em abril, a zona do euro continuou a sofrer retração nos preços de produtores, uma constante nos últimos nove meses. A queda foi de 1% entre março e abril, e de 4,6% ante abril de 2008 - a maior desde que o índice começou a ser avaliado em 1981. No setor de energia, os preços tiveram retração de 11%, a maior desde 1986. OTIMISMO Pesquisas divulgadas ontem apontam que há um sentimento positivo entre empresários do setor de serviços e que, em maio, a taxa de queda da economia começou a perder força. Outro impacto positivo foi a pesquisa, divulgada ontem, que aponta alta nas atividades empresariais no bloco em maio. No Reino Unido, o setor de serviços apontou expansão pela primeira vez em 12 meses. Mas ontem mesmo o Banco Mundial e o FMI alertaram que o clima de otimismo não deve ser exacerbado."A recuperação será lenta e o ritmo de crescimento das economias em 2010 é ainda incerto", afirmou Richard Newfarmer, especialista do Banco Mundial. Ele acredita que o pacote de estímulo feito na China começa a dar resultados, o que pode ajudar na recuperação da economia europeia. Marco Terrones, vice-diretor de estudos econômicos do FMI, alertou que a crise ainda poderá levar dois anos para ser inteiramente superada. Ele lembra que, desde os anos 60, houve 122 recessões no mundo. Essa é uma das piores. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que, mesmo que haja uma moderação da deterioração da economia, o impacto no setor do trabalho levará anos para ser invertido. Uma das estimativas aponta que levaria entre seis e oito anos para que os níveis de emprego voltassem ao que eram em 2007. NÚMEROS 15,7% foi a queda da produção registrada pelo setor industrial no 1º trimestre do ano ante o mesmo período de 2008 11% foi a queda do PIB da Eslováquia

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