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PIB indica primeiro déficit do setor externo desde 2002

Forte demanda interna de consumo e de investimento leva o País a precisar novamente da poupança externa

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Por Fernando Dantas
Atualização:

Pela primeira vez desde 2002, o Brasil apresentou necessidade de financiamento da economia nacional nas contas do PIB, no valor de R$ 4,5 bilhões. Esse indicador é muito relacionado com o saldo em conta corrente, embora não seja idêntico. Ele significa que a forte demanda interna do consumo e dos investimentos está levando o País a precisar novamente da poupança externa. As contas nacionais de 2007 mostram claramente que a vigorosa aceleração conjunta do consumo das famílias e dos investimentos levou a um grande aumento das importações de bens e serviços, de 20,7%, que suplantou em muito a expansão de 6,6% das exportações de bens e serviços. Dessa forma, a contribuição do setor externo para o PIB foi negativa pelo segundo ano consecutivo, exatamente no mesmo valor de 2006, de 1,4 ponto porcentual. Essa é a diferença entre a demanda interna (de 6,9%, em 2007) e o crescimento do PIB, de 5,4%. Em 2006, porém, apesar da contribuição negativa do setor externo, a renda nacional ainda foi suficiente para financiar a demanda interna de consumo e de investimento, o que significa que sobrou para o País uma "capacidade de financiamento" de R$ 20,8 bilhões. A deterioração em 2007 foi causada pela redução do saldo externo de bens e serviços de R$ 68,1 bilhões ( 2006) para R$ 39,1 bilhões. Na renda líquida enviada pelo Brasil para o resto do mundo, houve queda de R$ 59 bilhões (2006) para R$ 53,8 bilhões, com redução de R$ 10,5 bilhões em pagamento de juros e aumento de R$ 5,3 bilhões em juros e dividendos. SETORES Os destaques setoriais da indústria no resultado do PIB em 2007 foram máquinas e equipamentos, automobilístico e materiais elétrico e eletrônico. A indústria da transformação cresceu 5,1%. Nos serviços, o destaque foi o setor financeiro (crédito, seguro e previdência), que cresceu 13%, e serviços de informação (basicamente telefonia e telecomunicações), com 8%. Na agropecuária, que cresceu 5,3%, houve aumento de 62,3% na produção de trigo, de 20,9% em milho, 13,2% em cana e 11,1% na soja. Houve queda de 16,7% no café, 3,7% no arroz e 4,4% no feijão. A taxa de investimento atingiu 17,8% do PIB em 2007, o maior nível desde 2000, início da série.

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