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PIB, inflação e superávit pautam reunião de Malan e FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O desempenho das contas brasileiras até setembro e as perspectivas da economia para 2003 começaram a ser discutidas nesta terça-feira entre o governo e a missão do FMI. Liderados pelo argentino Jorge Marquez-Ruarte, os técnicos se reuniram com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e seus principais assessores. Nesta quarta-feira, o grupo tem agendados encontros com o ministro da Previdência, José Cechin, e do Planejamento, Guilherme Dias. O crescimento da inflação, com a prévia do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) de novembro atingindo 2,31%, e o mercado projetando uma variação para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8,76% para 2002 e de 9% para 2003 (acima da meta acertada com o Fundo), indicam que haverá dificuldade para uma retomada mais acelerada da atividade econômica no ano que vem. Num ambiente com inflação alta, os investimentos e o consumo dos bens de valor mais elevado ficam retraídos, dificultando o crescimento do PIB. A inflação mais alta, agravada pelo risco de um conflito no Oriente Médio, deverá fazer do primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva um período com crescimento econômico modesto, algo próximo de 2%. É melhor do que 2002, que deverá fechar com uma taxa entre 1% e 1,3%, mas é pior do que o valor constante da atual versão do acordo do Brasil com o FMI, que era uma taxa entre 2,5% e 3,5%. Esse deve ser um dos temas discutidos nos próximos dias. Outro foco de atenção será o desempenho das contas fiscais do País. Embora o governo não tenha a intenção de discutir uma eventual elevação da meta para 2003 do superávit primário do setor público consolidado (dado pela diferença entre receitas e despesas, exceto gastos com juros, do conjunto formado pelos governos federal, estaduais, municipais e empresas estatais), nos bastidores já se admite que o FMI vem sendo pressionado a colocar a questão em discussão. A meta para o ano que vem é de 3 75% do PIB, mas o acordo diz que o número será discutido a cada revisão. O principal argumento dos que defendem uma elevação da meta é o saldo da dívida pública do setor público, que deveria fechar setembro em R$ 810 bilhões, mas chegou a R$ 885,2 bilhões. O aumento, explicado pela alta do dólar, provocou em alguns investidores estrangeiros o temor de que o governo poderia perder o controle sobre o endividamento. Nesse quadro, um superávit primário mais elevado ajudaria a reduzir o estoque da dívida. Os técnicos não sabem, porém, se o FMI insistirá em decidir esse assunto agora. Tanto este quanto o futuro governo defendem que essa é uma discussão para a próxima revisão do acordo, em fevereiro. O principal empecilho é o fato de o novo governo ainda não ter escolhido nem o futuro ministro da Fazenda nem o presidente do Banco Central, que serão os principais responsáveis pela política econômica a partir de janeiro.

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