
28 de agosto de 2015 | 22h37
A recessão apontada pelo mercado para os próximos anos e a ligeira retomada esperada a partir de 2017 vão deixar a economia brasileira menor. A forte intensidade da retração observada vai fazer diminuir o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) do País e fazer com que ele volte ao patamar de 2013 apenas em maio de 2018.
Os cálculos do professor de finanças Alexandre Cabral mostram que o PIB da economia brasileira encerrou 2013 em R$ 5,513 trilhões, número que só será alcançado em maio de 2018. Com a recessão esperada para o atual biênio, o tamanho da economia brasileira deverá diminuir para até R$ 5,394 trilhões ao fim de 2016.
Para elaborar o estudo, Cabral usou como base as previsões do relatório Focus, do Banco Central. Para os analistas, a recessão será de 2,06% em 2015 e de 0,24% em 2016. Em 2017, o crescimento será de 1,50% e, para 2018 a estimativa é de 2%.
Os números que serviram de base para o estudo podem ser considerados conversadores, de acordo com Cabral. Boa parte dos bancos e das consultorias já trabalha com um cenário mais pessimista do que o apontado pelo Focus para 2015, com queda de até 3% no PIB.
O levantamento também contemplou o PIB em dólar do País. Nesse caso, a tendência é de quedas sucessivas por causa da forte desvalorização do real. De 2013 para 2018, o tamanho da economia brasileira passará de US$ 2,387 trilhões para US$ 1,555 trilhão.
“Para a economia brasileira voltar aos US$ 2 trilhões vai ser muito difícil”, afirma Cabral.
Recuperação. A recessão da economia brasileira em 2015 está mais intensa do que o previsto no início do ano, e a recuperação, por ora, parece cada vez mais distante. “Na comparação trimestral, o PIB só deve voltar a subir no segundo trimestre de 2016”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada. Para este ano, ela estima uma retração de 2,3%, e estabilidade em 2016.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, espera uma retração na economia em 2016. Além dos fatores internos, ele cita as incertezas com o cenário externo. A economia chinesa dá sinais de desaceleração, e existe a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) aumentar os juros. “O ano de 2017 poderá ser melhor, pois a economia já terá passado por três anos de forte ajuste de custos para as empresas”, diz Vale.
No dia a dia das empresas, a falta de perspectiva com relação a uma possível melhora do PIB brasileiro também dificulta a retomada dos negócios. O presidente da fabricante de máquinas-ferramenta Ergomat, de São Paulo, Andreas Meister, acredita que uma recuperação da economia só ocorrerá a partir do segundo semestre do próximo ano ou a partir de 2017. Para ele, não há sinais de reversão do quadro atual antes disso para a indústria da transformação. “Muitas empresas estão desinvestindo, parando parte das fábricas por falta de demanda”, diz Meister, que reclama da alta dos juros, dos impostos e da inflação. Parte do problema, diz ele, é “psicológico”, pois falta confiança à população e aos empresários, que estão inseguros.
Saída. Um consenso entre os economistas é que um alívio para o País deverá vir por meio das exportações. A desvalorização do real deve tornar os produtos brasileiros mais atrativos, o que pode ajudar a melhorar a vendas externas.
“Por causa da desvalorização cambial, o produto fica mais competitivo e já se percebe um movimento de recuperação de volumes. Isso deve prosseguir nos próximos trimestres”, afirma Fabio Silveira, diretor de pesquisas econômicas da GO Associados.
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