Pilar ambiental mostra dados defasados devido à escassez de informações

Categoria de sustentabilidade do Ranking de Competitividade dos Estados é a única com dados de 2018, já que os governos divulgam as informações com atraso de dois anos

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Por Guilherme Guerra e Thaís Barcellos
2 min de leitura

De todos os pilares, Sustentabilidade Ambiental é o único do Ranking de Competitividade dos Estados que traz apenas dados referentes a 2018. O motivo para a defasagem é a demora dos próprios governos, que divulgam as informações com atraso de dois anos. “Em termos práticos, isso dá o tom de como o tema é tratado no País”, critica Nascimento.

Apesar da série antiga, os dados de 2018 refletem a realidade de hoje. Indicadores como emissão de CO2, tratamento de esgoto e perda de água dialogam diretamente com três temas de peso no noticiário em 2020: as queimadas ilegais, o marco legal do saneamento básico e a crise sanitária causada pela covid-19. E pouco tem sido feito para mudar a situação, na avaliação do CLP.

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Para diretor de instituto responsável peloestudo, números reforçam a importância do marco do saneamento para os Estados. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Os Estados que mais emitiram C02 em relação ao PIB foram Rondônia (27.ª posição), Acre (26.ª) e Tocantins (25.ª). “Quem é ruim continua ruim e são os mesmos responsáveis pelas queimadas há muitos anos”, afirma Nascimento, em referência à reincidência dos lanternas. No topo estão Amapá (1.ª), Roraima (2.ª) e Amazonas (3.ª). Queimadas, desmatamento, frota de veículos a combustão e indústria pesam nas emissões de gás carbônico.

No indicador de tratamento de esgoto, Pará (27.ª) e Rondônia (26.ª) chegam a ter, respectivamente, 4,0% e 4,2% de tratamento, muito abaixo do que foi registrado nos líderes Distrito Federal (81,4%), Paraná (66,3%) e São Paulo (61,9%).

Em perda de água, Goiás, o mais bem posicionado, ainda tem desperdício de 30,2%. No lanterna Roraima, a perda chega a 73,4%, mas os índices também são alarmantes no Amazonas (70,6%) e Amapá (68,1%).

Para Tadeu Barros, diretor do Centro de Liderança Pública (CLP), responsável por elaborar o ranking ao lado da Economist Intelligence e Tendências Consultoria Integrada, os números reforçam a importância do marco legal do saneamento básico, recém-sancionado pelo Bolsonaro, para buscar a universalização e ampliar investimentos no País. Além disso, os baixos índices escancaram como pode ser difícil o combate à covid-19: “Uma das principais ações é lavar as mãos. Como vamos pedir para a população se higienizar se nem água eles têm?”. 

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