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Pilotos da Varig reclamam da pressão do governo

Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação de Pilotos da Varig (Apvar) afirma que a Varig tem sofrido pressões do governo federal para aceitar o acordo com a TAM e discorda do modelo de fusão. O vice-presidente da Apvar, Márcio Marsillac, afirma que os funcionários não são contra a fusão, mas consideram "inaceitável" a pressão do governo e de empresas estatais para que o acordo saia logo. Segundo Marsillac, o acordo que está em negociação privilegia a TAM porque leva em conta principalmente o patrimônio líquido das duas empresas. A Varig tem patrimônio líquido negativo e a TAM, positivo. Os funcionários temem o calote da dívida trabalhista e previdenciária da Varig. "Uma empresa não é formada apenas de patrimônio, ela tem uma marca e um histórico operacional que tem de de ser levado em conta", afirma. Ele lembra, por exemplo, que a Varig tem melhores índices de ocupação nos aviões do que a parceira. Em abril, a Varig teve índice de ocupação de 61% nos aviões, sete pontos porcentuais acima dos 54% verificados em abril de 2002 e também acima da média da indústria (59%). A TAM teve 55% de seus assentos ocupados em abril passado, contra 53% do mesmo mês em 2002. No sábado, segundo a Apvar, a estatal BR Distribuidora, uma das credoras da Varig, interrompeu o fornecimento de combustível e os aviões tiveram que voar com combustível da Shell e Esso. A Varig tem feito pagamentos diários à BR pelo combustível. "A BR tem direito a receber, mas não pode ser usada para pressionar a empresa", diz o vice-presidente da Apvar. Segundo Marsillac, isto pode ser feito novamente caso a Varig demore a assinar o contrato que formaliza o compromisso das duas empresas com o processo de fusão. O documento é uma exigência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) . O banco deverá cooperar na organização da nova empresa que resultará da união. Marsillac reclama que a Apvar não tem acesso ao projeto de fusão e nem aos representantes das duas empresas que estão em negociação, com a mediação do Banco Fator. "É uma verdadeira caixa preta que está sendo enfiada goela abaixo da Varig". Segundo ele, uma das principais preocupações dos funcionários será o destino dos débitos previdenciários e trabalhistas da empresa, que podem superar R$ 2 bilhões. "Queremos uma fusão sem calote nos trabalhadores e no governo", afirma. A Apvar calcula que o processo de fusão poderá levar à demissão de cerca de 7.500 funcionários das duas empresas. "Sabemos que o orçamento da nova empresa será bem inferior ao atualmente utilizado para pagar os empregados", declara. A Varig tem cerca de 18 mil funcionários e a TAM, cerca de 7 mil. "Haverá demissões e 90% serão na Varig". A Apvar organizar hoje, juntamente com o Sindicato Nacional dos Aeronautas, uma série de protestos. Aeronautas e mecânicos da Varig fazem manifestação a partir de 15 horas nos aeroportos de Santos Dumont (Rio) e Congonhas (São Paulo) e às 17 horas no Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre) .

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