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Piora da pandemia leva índices de confiança da FGV ao menor nível desde maio

Queda nos indicadores é registrada em momento em que o comércio, enfrentando novas medidas de restrição, está em situação financeira mais difícil que no ano passado

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O estrago da piora da pandemia sobre a atividade econômica começou a aparecer de forma mais clara nos indicadores de confiança do consumidor e de empresários, divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nos últimos dias. Os índices atingiram em março o menor nível desde maio do ano passado.

É preciso levar em conta, porém, que a venda presencial continua a responder pela maior fatia dos negócios. Foto: Fernando Bizerra/ EFE

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Com um tombo de 18,5 pontos ante fevereiro, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) foi a 72,5 pontos, informou a FGV nesta quarta-feira, 24. Um dia antes a entidade informou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 9,8 pontos, para 68,2 pontos. Menos afetada pelas restrições, a confiança da indústria poderá cair menos: a prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de março teve recuo de 4,0 pontos em relação ao resultado fechado de fevereiro, para 103,9 pontos. Se confirmado, será o menor nível desde agosto de 2020.

Recuar a níveis quase tão baixos quanto os de maio de 2020 significa se aproximar do fundo do poço da crise causada pela pandemia. Naquele mês, a crise estava no auge, com empresas e trabalhadores ainda lidando com o fechamento repentino das atividades econômicas, menos de dois meses após a chegada da covid-19 ao País.

Agora, um ano após as primeiras mortes em decorrência da doença, o Brasil está registrando os piores números da pandemia. Com um aperto nas medidas de restrição ao contato social - que afetam diretamente o comércio - batendo à porta, o humor dos empresários teve neste mês um ponto de virada, disse Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

No caso do Icom, o pesquisador lembrou que, após uma forte recuperação no terceiro trimestre, na esteira da retomada da economia, a confiança dos comerciantes já havia começado a ratear no fim do ano passado. Em janeiro, começou 2021 com queda, vinha num ritmo lento, era uma “pioradinha”. "Agora em março realmente foi uma percepção muito negativa”, afirmou Tobler.

Em março, a confiança caiu em todos os seis principais segmentos do comércio e foi puxada pela piora das expectativas. O Índice de Situação Atual tombou 10,6 pontos, para 75,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas desabou 25,7 pontos para 70,2 pontos. Os dois subíndices registraram em março os menores níveis desde maio, assim como o indicador agregado.

Embora a piora da pandemia e o endurecimento de medidas de restrição, como o fechamento das lojas físicas e de centros comerciais, tenham impactos negativos no curto prazo, Tobler destacou que o presente “contamina” as perspectivas de futuro, o que ajuda a explicar o tombo mais acentuado nas expectativas.

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Além disso, destacou o pesquisador, há poucas notícias positivas sobre o processo de vacinação e muita incerteza sobre quando o avanço da imunização poderá surtir efeitos em termos de começar a conter a pandemia. Para piorar, com a crise completando um ano, a segunda onda encontra as empresas, principalmente no comércio, em situação financeira mais difícil. E sem clareza sobre quando o governo poderá reeditar medidas de mitigação, como a possibilidade de reduzir jornadas e suspender contratos de trabalho.

“As empresas podem estar preparadas (para enfrentar restrições ao funcionamento), mas não têm benefícios do governo e não têm muito essa expectativa”, afirmou Tobler.

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