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Piora macroeconômica afeta o comércio varejista

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Por Redação
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Comparados os dados dos últimos 12 meses, até fevereiro de 2013, com os 12 meses anteriores, o comércio varejista restrito (que exclui veículos e material de construção) cresceu 7,4%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas os números de fevereiro mostram um declínio mais forte do que o previsto pelos especialistas. A piora decorre da acentuação do desequilíbrio macroeconômico, ou seja, da combinação de inflação alta e resistente com a queda da renda dos trabalhadores. "A demanda está diminuindo porque o preço está subindo", sintetizou Aleciana Gusmão, da área técnica da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.A fragilidade dos dados de fevereiro tende a contaminar março, acredita a LCA Consultores, que espera uma queda de 2% no varejo restrito e de 1% no varejo ampliado. Resultados ruins vieram, em fevereiro, dos hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 1%, em relação a janeiro, e de 2,1%, em relação a fevereiro de 2012. Ou seja, a população de menor renda comprou menos, inclusive itens essenciais.Caíram também, entre janeiro e fevereiro, as vendas de combustíveis e lubrificantes; de tecidos, vestuário e calçados; de móveis e eletrodomésticos; de outros artigos de uso pessoal e doméstico, como ópticos; de caça e pesca; de relojoaria e joalheria; de artigos esportivos; e de veículos, partes e peças. No caso dos veículos, as vendas comparadas com fevereiro de 2012 subiram 3,2% e ajudaram a comparação anual. Poucos itens apresentaram resultados positivos no primeiro bimestre, como artigos farmacêuticos, material de escritório e informática, livros, jornais e revistas e material de construção. Foram os itens que mais deram alento ao varejo.Concorreram para os maus resultados a queda da renda real dos trabalhadores da indústria, revelada pelo IBGE, e do ritmo de crescimento do emprego formal. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo registrou um aumento do número de famílias endividadas, de 48,8%, em janeiro, para 52%, em março.Os indicadores mostram que o governo errou ao tentar estimular o consumo ao mesmo tempo que ocorria uma elevação do custo de vida, inclusive da cesta básica. Há pouco a fazer. A alta esperada do juro básico deverá afetar mais rapidamente o consumo do que os preços. Ou seja, o tempo de conviver com os efeitos do desarranjo macroeconômico pode estar apenas começando.

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