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Piora na confiança do comércio e de serviços aponta nova queda do PIB no 3º trimestre

Índices calculados pela FGV renovaram mínimas históricas em setembro; com a demanda fraca e o crédito escasso, economistas acreditam em um novo recuo da atividade nesses setores

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - A piora da percepção dos empresários em relação ao momento econômico atual e às perspectivas futuras levam os índices de confiança do comércio e de serviços a baterem novas mínimas históricas. Além disso, com a demanda fraca e a escassez de crédito, economistas projetam uma nova queda do PIB para esses setores no terceiro trimestre deste ano.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 8,4% na passagem de agosto para setembro, na série com ajuste sazonal. Com o resultado, o ICS saiu de 74,7 pontos para 68,4 pontos no período, renovando pela sétima vez o mínimo histórico na série, iniciada em junho de 2008.

Para a FGV, não hámudança de tendência para o último trimestre deste ano Foto: Helvio Romero/Estadão

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Ao todo, 11 das 12 atividades investigadas tiveram recuo na confiança na passagem do mês. Em setembro, o Índice de Situação Atual (ISA-S) teve queda de 12,7%, para 46,9 pontos, após recuo de 9,6% em agosto. Já o Índice de Expectativas (IE-S) caiu 6,1%, para 89,9 pontos, após redução de 1,7% na mesma base de comparação.

A confiança de serviços já havia atingido um mínimo histórico em agosto, com a queda de 4,7% em relação a julho. O resultado anunciado hoje completa uma sequência de cinco quedas no índice. 

"Além do enfraquecimento da demanda, há um aperto nas condições de crédito e, assim, uma perspectiva de novos ajustes no quadro de pessoal. Esses indicadores apontam para uma nova queda no PIB do setor neste trimestre", diz o economista Silvio Sales, consultor da FGV, em nota.

Comércio. O Índice de Confiança do Comércio (Icom), também da FGV, caiu 4,1% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal. Com o resultado, o Icom atingiu 82,6 pontos no período. Trata-se mais uma vez do menor patamar da série histórica, iniciada em março de 2010.

"A continuidade da queda da confiança do comércio sinaliza que, no terceiro trimestre de 2015, o PIB do setor deve recuar em relação ao período imediatamente anterior pela quarta vez consecutiva, algo que não ocorria desde 2002-2003. E a julgar pelo pessimismo captado pela sondagem, não há, no momento, sinais de mudança de tendência para o último trimestre do ano", avalia o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, em nota oficial.

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Em setembro, o Índice da Situação Atual (ISA-COM) caiu 10,8% neste mês, para 50,4 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-COM) recuou 0,9% em setembro, para 114,7 pontos, influenciado pelo menor otimismo dos empresários em relação à evolução da situação dos negócios nos seis meses seguintes. Esse indicador está no mínimo histórico.

No mês passado, o Icom já havia cedido 4,1% em relação a julho. Com o resultado anunciado hoje, o índice permaneceu na zona considerada "desfavorável" à atividade, abaixo dos 100 pontos. A média histórica do indicador é de 119,8 pontos.

"Considerando-se a evolução dos índices em bases trimestrais, os resultados mostram que, depois de certa estabilidade no segundo trimestre, as expectativas voltaram a se deteriorar no terceiro trimestre. Os resultados desfavoráveis em ambos os componentes do índice de confiança, apontam para uma continuidade da tendência de desaceleração da atividade econômica do comércio nos próximos meses", notou a FGV.

A coleta de dados para a edição de setembro da sondagem foi realizada entre os dias 02 e 25 deste mês e obteve informações de 1.213 empresas.

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