PUBLICIDADE

Pirarucu gigante da Amazônia tem pesca controlada para escapar da extinção

Pescadores de comunidades ribeirinhas do Solimões fazem pesca seletiva do peixe que pode chegar a 140 quilos para garantir sua reprodução

Por Bruno Kelly e da Reuters
Atualização:

FONTE BOA - A pesca do maior peixe de água doce do mundo, o Pirarucu, é feita de forma controlada para evitar a sua extinção na região do Rio Solimões, que forma o Rio Amazonas ao encontrar-se com o Rio Negro, em Manaus. O Pirarucu, conhecido como 'bacalhau da Amazônia', esteve ameaçado de extinção por causa da pesca predatória.

A exploração não sustentável fez com que o Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - criasse, em 2004, uma Instrução Normativa que regulamenta a pesca. A temporada de pesca pirarucu vai apenas de julho a novembro, a estação seca na região, quando os rios estão no seu nível mais baixo. Isto é importante porque é quando os peixes são capturados em lagos, de forma mais fácil. Para começar a temporada, a primeira coisa que os pescadores fazem é contar o número de pirarucus em cada lago. Isso é feito pelos próprios moradores. Depois disso, eles recebem autorização para capturar cerca de 30% do total de peixes adultos. Os pirarucus deve ser de pelo menos 1,5 metro de comprimento, com os menores preservados para o futuro.

PUBLICIDADE

A pesca sustentável do Pirarucu foi documentada pelo fotógrafo Bruno Kelly, da Reuters. Ele viajou para a reserva natural Mamirauá, que fica a cerca de 600 quilômetros a oeste de Manaus, no rio Solimões, um dos dois principais afluentes do Amazonas.

O pirarucu é uma das principais fontes de renda para as famílias ribeirinhas, e praticamente todos eles, velhos e jovens, homens e mulheres, estão envolvidos de alguma forma na temporada de pesca. A reserva foi criada em 1996 com o objetivo de promover o uso sustentável dos recursos naturais para o desenvolvimento das comunidades ribeirinhas. Para chegar a Mamirauá, que é conhecida como a terra do Pirarucu, o fotógrafo viajou de avião até Tefé, e de lá seguiu a viagem de barco. A reserva de Mamirauá abriga cerca de 200 comunidades. Para cruzar a rexerva de um lado a outro de barco, a viagem demora 24 horas. Devido ao seu tamanho e força, o pirarucu precisa ficar inconsciente antes de ser puxado para a canoa. Um movimento de suas caudas poderosas poderia facilmente virar a canoa e acabar com a pesca do dia. Os pescadores matam o peixe antes de embarcá-lo. O principal alimento dos pescadores é o guisado de pirarucu acompanhado de farinha de mandioca Exportação. Depois de pegar os peixes, o mais difícil é transportá-los para a comunidade para limpar e congelá-los. Ao longo de um trecho de quase dois quilômetros no calor da floresta, os moradores transportam os peixes de em média 60 quilos, podendo chegar a 140 quilos. Depois de congelados, os peixes são enviados para Manaus, e em seguida distribuídos para todo o país e também exportado. Os pirarucus são vendidos congelados ou salgados e secos. O pirarucu salgado é conhecido como o "bacalhau da Amazônia ". Os próprios moradores controlam a pesca de forma sustentável, mas a caça ilegal ainda é uma realidade. O controle é importante porque garante para as gerações futuras a oportunidade de viver na floresta de seus recursos sustentáveis. Nas escolas ribeirinhas, conservação e sustentabilidade são ensinados às crianças desde cedo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.