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Pisos salariais não seguiram alta do salário mínimo

Por Gustavo Uribe
Atualização:

Apesar de o primeiro semestre de 2008 ter sido um período de sólido crescimento econômico, os pisos salariais dos trabalhadores não acompanharam a tendência de alta, frustrando sindicatos de várias categorias. A conclusão é de balanço anual divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que analisou 628 pisos salariais de categorias pertencentes aos setores da indústria, comércio, serviços e meio rural. De acordo com a pesquisa, 77% das categorias estudadas estabeleceram pisos salariais que não ultrapassaram o valor de 1,5 salário mínimo, ou R$ 622 - o Dieese considerou o valor do salário mínimo vigente na época, de R$ 415 (valor reajustado para R$ 465 em fevereiro deste ano). A maioria (56%) dos pisos ficou abaixo de 1,26 salário mínimo (R$ 523). A porcentagem de categorias que conquistaram pisos superiores a dois salários mínimos (mais de R$ 830) foi de 2,9%. Segundo os economistas do Dieese, o baixo reajuste dos pisos salariais foi provocado pela adoção, nos últimos anos, de uma política governamental de valorização do salário mínimo. Para os técnicos, cada vez mais os empregadores pautam o piso da categoria pela menor remuneração paga no País, que tem sofrido aumentos em porcentuais superiores à variação da inflação e à média dos reajustes salariais. Na comparação com 2007, a proporção de categorias com piso salarial equiparado ao mínimo cresceu de 3,4% para 5,7% no ano passado. O balanço também aponta que as atividades relacionadas ao setor rural são as que têm menor piso salarial entre as categorias estudadas. Cerca de 88% dos pisos variam entre as faixas de 1 e 1,25 salário mínimo (entre R$ 415 e R$ 519). Em outros setores da economia, como comércio, indústria e serviços, os pisos variam de acordo com a média de salários. Na atividade industrial, por exemplo, o segmento químico e farmacêutico apresenta 60% das categorias com piso superior ou igual a 1,5 salário mínimo (R$ 622). Sem divulgar o nome das categorias, o Dieese informou que os maiores pisos encontrados na pesquisa foram de 5,06 e 4,74 salários mínimos (R$ 2.099 e R$ 1.967). Os menores foram de R$ 400 e R$ 390.

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