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Plano Collor deixou poupadores com no máximo R$ 6.715

No segundo dia de mandato, o então presidente confiscou a poupança de quem tinha mais de Cr$ 50 mil 

Por Sílvio Guedes Crespo e de Economia & Negócios
Atualização:

A insatisfação popular que contribuiu para o impeachment de Fernando Collor de Mello, há exatos 20 anos, iniciou-se com um conjunto de medidas tomadas já no segundo dia de trabalho do então presidente.

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Em 16 de março de 1990, dia seguinte à posse, Collor e sua ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, anunciaram que, a partir daquele momento, ninguém poderia sacar mais do que Cr$ 50 mil, da poupança ou da conta corrente, pelos 18 meses seguintes. Para quem tinha mais do que isso guardado, o excedente ficaria retido no Banco Central durante o período determinado, com correção monetária e juros de 6% ao ano.

O valor do limite de saque equivaleria hoje a R$ 6.715,32, corrigindo a inflação pelo IPCA (atual índice oficial de preços (se não fosse considerada a inflação, os Cr$ 50 mil corresponderiam a menos de 2 centavos de real).

Na época, com Cr$ 50 mil era possível comprar, em São Paulo, 17 cestas básicas, que custavam, de acordo com cálculos do Dieese, Cr$ 2.821 cada. A título de comparação, hoje a mesma cesta sai por R$ 306,02.

Os Cr$ 50 mil equivaliam, ainda, a 13,6 salários mínimos, que em março de 1990 era de Cr$ 3.674. Vale notar, também, que na época um salário mínimo comprava 1,3 cesta básica; hoje compra duas.

Além da poupança, o governo também confiscou as aplicações em fundos de curto prazo, depósitos a prazo e no chamado overnight. Para esses casos, o saque ficaria limitado a 20% do total da aplicação ou Cr$ 25 mil, também por um ano e meio.

As medidas anunciadas naquele 16 de março foram oficialmente chamadas de Plano Brasil Novo, mas ficaram conhecidas como Plano Collor. Além do confisco, elas incluíam, entre outras:

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- mudança imediata do nome da moeda nacional (de cruzado novo para cruzeiro, sem corte de zeros);

- instituição do câmbio flutuante;

- proibição do aumento de preços, salvo com autorização do Ministério da Economia

- correção salarial prefixada no dia 15 de cada mês

- obrigatoriedade dos bancos de aplicar parte do patrimônio em títulos de privatização

Junto com o Plano Collor, foi anunciada a extinção de 24 estatais e demissão dos seus 81 mil funcionários, por meio de medida provisória. Os servidores com estabilidade ficariam em um banco de reserva, ficando apenas com o salário base, sem direito a gratificações.

 

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