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Plano de recuperação judicial da Oi é aprovado após 15 horas de assembleia

Uma nova versão com ajustes em diversas propostas foi construída pelos diretores da companhia durante negociações

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - A Oi conseguiu aprovar na madrugada desta quarta-feira, 20, o seu plano de recuperação judicial, 15 horas após o início da assembleia geral, às 11h30 da manhã de terça-feira, 19. Uma nova versão com ajustes em diversas propostas foi construída pelos diretores da companhia durante negociações a portas fechadas com advogados dos credores ao longo do dia, durante pausas na assembleia. 

Credoresvotaram pela aprovação do tratamento das propostas de reestruturação de todas as empresas do grupo Oi em um plano único e consolidado. Foto: Paulo Vitor/AE

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A aprovação na classe 1 (credores trabalhistas) e na classe 2 (com garantia real) atingiu 100% dos presentes em ambas. O aval na classe 3 (quirografários) atingiu 99,56% dos presentes, e na classe 4 (pequenos fornecedores) 99,8%. Antes disso, os credores ainda votaram pela aprovação do tratamento das propostas de reestruturação de todas as empresas do grupo Oi em um plano único e consolidado para todas, em vez de planos individuais para cada uma das unidades.

"Com essa força que vocês (credores) nos deram, colocaram a Oi no lugar que ela merece. Nunca pensei em chegar a uma vitória tão brilhante como essa", discursou o presidente da operadora, Eurico Teles, à frente de algumas centenas de credores que aplaudiam de pé, no Pavilhão 3 do Riocentro. "Agradeço a todos os credores, de todas as classes. A Oi é uma empresa muito forte. Faremos todo o possível para honrar a confiança que os senhores depositaram em nós", completou o executivo. 

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A Oi entrou em recuperação judicial em junho de 2016, após acumular R$ 63,9 bilhões em dívidas com cerca de 55 mil credores. Os ajustes no plano da Oi - que chegou à sexta versão desde o início do processo - tem como uma das principais mudanças a diminuição do prazo de manutenção dos atuais diretores executivos nos cargos. Esse prazo caiu de cinco anos para apenas um ano após a homologação do plano de recuperação. A partir daí, haverá uma transição a ser definida pelo conselho de administração. O próprio conselho também terá uma nova composição, com a manutenção de seis membros atuais e a inclusão de outros três participantes a serem indicados por investidores, com aprovação da Anatel.

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A versão do plano que estava vigente até então foi alvo de críticas ferozes dos principais acionistas da Oi - o Société Mondiale, de Nelson Tanure, e o Pharol, antiga Portugal Telecom, que apontavam a dotação de "superpoderes" à diretoria, especialmente ao presidente, Eurico Teles, que poderia se perpetuar no posto por um período prolongado.

No caso da Anatel, a Oi passou a reconhecer um montante de R$ 14 bilhões de passivos a serem reestruturados, em vez de R$ 11 bilhões. Agora, porém, as dívidas terão tratamento desmembrado em duas categorias, ao contrário do encaminhamento único que estava proposto até aqui. Os créditos inscritos em dívida ativa (R$ 8 bilhões) serão novados e quitados nos termos vigentes até então, ou seja, em 240 meses.

Por sua vez, os créditos ilíquidos, não inscritos em dívida ativa, (R$ 6 bilhões) serão novados e quitados na modalidade de pagamento geral dentro do plano. Essa modalidade prevê 20 anos de carência do principal, seguida de pagamento de 5 parcelas com amortização linear e reajuste por Taxa de Referência (TR). Para o BNDES, houve o detalhamento da taxa de juros para seis casas decimais, que ficaram em TJLP acrescida de 2,946372% ao ano.

Também foi incluído um prazo limite até 20 de fevereiro de 2019 para a efetivação do aporte de capital de R$ 4,0 bilhões. A injeção de recursos também estará sujeita a condições precedentes que, entretanto, ainda não foram informadas. No caso da venda de ativos, haverá reinvestimento de 100% dos recursos durante os primeiros cinco anos, ao invés de três. 

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