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Plano dos EUA pode não chegar em tempo

Por Alberto Tamer
Atualização:

O plano dos EUA de limpar o passivo dos grandes bancos, mesmo que dê certo, não chegará em tempo para normalizar a situação neste ano. Era o que afirmava a maioria dos analistas, nesta sexta-feira, reduzindo a esperança que ainda havia quanto à eficácia das medidas para conter a recessão. Quase todas as análises surgidas nos dois últimos dias revelavam uma preocupação especial quanto ao ?timing? do programa e principalmente quanto ao valor de mercado dos ativos tóxicos que se pretende tirar do passivo dos bancos. "O plano leva três meses para começar a operar e o valor dos ativos ruins cairão ainda mais", afirmou Christopher Whalen, vice-presidente do Institutional Risk Analytics, nos Estados Unidos. Só depois disso e de se avaliar os seus preços de mercado é que o Tesouro poderá começar a utilizar os recursos de US$ 500 bilhões para comprá-los. Para outro executivo sênior, Steves Persy, cuja empresa administra US$ 400 milhões desses papéis, há urgência em agir. "Quanto mais tardar, menor será a eficácia do plano." DEMORA DELICADA Mas não seriam análises de pessoas e empresas interessadas em se livrar logo desses ativos? Não. Funcionários do Tesouro que não quiseram ser identificados admitiram à Reuters que o plano realmente só poderá começar a ser executado em junho ou julho. E isso, se tudo caminhar rapidamente. O próprio secretário do Tesouro admitiu o fato quando afirmou, ao anunciar o plano, que os seus efeitos sobre sistema levarão tempo. Para outros analistas ouvidos pelo Financial Times, estamos há mais de 18 meses nessa crise e o Tesouro ainda age como se o problema fosse de falta de liquidez e não de insolvência. PREÇO, A DÚVIDA CRUCIAL Outra questão ainda mais espinhosa será saber os preços que os bancos americanos pretendem cobrar pelos ativos tóxicos em suas carteiras e se o Tesouro e os investidores estariam inclinados a aceitá-los. Esse é, sem dúvida, um ponto crucial do qual dependerá o êxito do programa. Há muita descrença de que se chegue a acordo sobre os preços. Seria um impasse semelhante ao que ocorreu no plano do governo anterior. A descrença aumentou no decorrer da semana. Ninguém sabe, por exemplo, quanto vale uma hipoteca vencida levantada sobre um imóvel em fase de execução ou em outro cujo valor é menor do que a dívida. E sem limpar os ativos tóxicos dos passivos dos grandes bancos, eles continuarão tendo dificuldade e até mesmo não poderão se recapitalizar no mercado financeiro. Essa situação poderá se arrastar por mais alguns meses, estima-se que até o último trimestre, com socorros esporádicos em casos mais graves. Mas, com isso, as linhas de crédito nos EUA não se restabelecem e a economia continuará entrando ainda mais na recessão. É grave porque, lembra Paul Krugman, corre-se o risco imediato de continuar perdendo 600 mil empregos por ano. A propósito, estatística oficial divulgada nesta sexta-feira informa que em mais de 10 Estados americanos o desemprego já passa de 10%. A média nacional é de 8,1%. BOTEM NUM MUSEU... O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, que ocupou antes a pasta das Finanças, acha que a solução é o governo tirar esses ativos do mercado. Compra e guarda. "Os Estados Unidos, que estão com problemas no sistema financeiro, deveriam é colocar esses títulos podres em um arquivo e transformá-los aos poucos em peça de museu." E HAJA ESTULTICE Na Europa, continua a se discutir a posição a se adotar na reunião do G-20, nesta semana, em Londres. Sei que o leitor já se cansou dessa novela da Globo, mas o que aconteceu na quarta-feira, tem que ser registrado. O primeiro-ministro da República Tcheca, acreditem, presidente atual da União Europeia, Mirek Topolanek, atacou duramente a proposta de Obama para que todos os países executem uma política fiscal intensiva para reanimar a demanda e a economia. Mais gastos, mais obras para criar mais empregos - a solução óbvia que a maioria dos economistas recomenda para conter a recessão. No caso europeu, muito mais grave, para sair da depressão. Sabem vocês o que esse genial presidente da UE disse? "Ele (Barack Obama) fala de uma ampla campanha de estímulo nos Estados Unidos. Todos esses passos, essa combinação e sua permanência são um caminho para o inferno." Como pode um senhor despreparado como esse presidir a União Europeia, nem que seja um dia por rodízio? Já imaginaram o estrago que ele vai fazer na reunião do G-20? O sr. Topolanek leva a taça mundial da estultice! Como se a Europa já não estivesse no inferno! Em tempo, o PIB da Eurozona despencou 5,7% no último trimestre, a previsão para este ano é de menos 2,4%. Por seu lado, a produção industrial afundou 12%, o desemprego está em 8,2%. E a inflação, que eles tanto temem num mirradinho, mirradinho, 1,2%... Ufa!!!! *E mail - at@attglobal.net

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