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Plano é parecido com o de Bush

Para especialista, um dos motivos da decepção com o pacote é o fato de ter repetido erros das medidas anteriores

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Por Fernando Dantas
Atualização:

Os detalhes do novo pacote financeiro americano decepcionaram o mercado, segundo Armando Castelar, economista da Gávea Investimentos. "Ficou uma sensação de que é parecido com o que vinha sendo feito antes pelo Hank Paulson", disse Castelar, referindo-se a Henry Paulson, o último secretário de Tesouro de George W. Bush, que lançou o plano de saneamento financeiro. O economista do Gávea comentou as quatro componentes principais do que foi anunciado ontem para o mercado financeiro. O primeiro deles é fazer com que todos os bancos passem por um teste individual de stress para averiguação das condições de sobrevivência em um ambiente econômico hostil. Castelar acha que essa talvez seja a melhor ideia nova divulgada ontem. Os bancos que passarem no teste ganham um atestado de saúde com credibilidade, e os que não passarem serão recapitalizados pelo Tesouro. A falha, porém, é que não se explicita como será a capitalização, o que faz com que persista o temor de que mesmo o novo governo de Barack Obama não consiga quebrar o tabu sobre a estatização dos bancos, que pode ser necessária e já foi adotada em países europeus. O segundo ponto é uma iniciativa público-privada para adquirir ativos tóxicos em um montante de até US$ 1 trilhão. O economista do Gávea acha o total tímido - já que há avaliações de que os ativos problemáticos cheguem a US$ 4 trilhões -, e avalia que várias questões pendentes continuam sem solução, como o método de avaliação dos ativos e a forma de atrair o capital privado. O terceiro ponto é a ampliação de um programa que já existe, em que o Fed adquire ativos de crédito originados pelos bancos, fazendo o papel de securitizador. A ideia é exatamente de que os bancos possam repassar os ativos, e portanto sintam-se confortáveis para originar os créditos. Assim, tenta-se evitar que, depois de capitalizados, os bancos continuem a não emprestar. Junto com essa medida, há também uma iniciativa para fortalecer um órgão que financia pequenas e médias empresas. Castelar acha que essa parte do plano "vai na direção certa", mas não é nenhuma novidade. O quarto e último aspecto do plano é o subsídio do governo à renegociação de hipotecas. Para Castelar, essa ideia esbarra na questão da mudança de contratos. O problema é que as hipotecas estão pulverizadas pelo mundo inteiro, e é muito difícil, portanto, reunir os credores para aprovar as alterações contratuais. Na avaliação do economista, os anúncios de ontem também não indicaram uma solução para esse impasse. FRASE Armando Castelar Economista da Gávea Investimentos "Ficou uma sensação de que é parecido com o que vinha sendo feito antes pelo Hank Paulson (o secretário do Tesouro de George W. Bush, Henry Paulson)"

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