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Planos de previdência devem encerrar o ano com R$ 125 bi

Estoque de R$ 125 bilhões dos fundos contribui para projetos de longo prazo do governo

Por Agência Estado
Atualização:

O total de recursos acumulados com as aplicações feitas por quem tem plano de previdência privada aberta deve fechar o ano em R$ 125 bilhões. Essa montanha de dinheiro corresponde às reservas técnicas para honrar resgates de investidores. Enquanto isso não ocorre, os recursos são aplicados pelos gestores em títulos, públicos e privados, e ações.   Os títulos da dívida pública continuam atraindo a maior parte dos recursos captados pela previdência privada aberta com produtos destinados à formação de poupança de longo prazo. Essa canalização das reservas para o financiamento da dívida pública ajuda o governo federal, ainda que indiretamente, na elaboração e execução de projetos de desenvolvimento de longo prazo.   Somados os recursos acumulados pelos fundos de previdência privada fechados (exclusivos de funcionários de determinada empresa), o volume total de reservas das previdências aberta e fechada passa de R$ 500 bilhões.   Sempre se argumentou que o grande problema da dívida mobiliária interna federal (lastreada em títulos públicos) não estava em seu tamanho, de R$ 1,199 trilhão em outubro, mas no curto prazo de vencimento dos papéis. A chegada da estabilidade macroeconômica e, com ela, a expansão do mercado de planos de previdência privada nos últimos anos criaram condições para a oferta, pelo governo, de títulos da dívida com prazos mais elásticos, de 20, 30 e até 40 anos. Papéis com vencimentos mais longos facilitam a gestão da dívida pública e o planejamento econômico para horizontes mais distantes.   Estoque de recursos   Os títulos da dívida pública continuam sendo o principal lastro do estoque de recursos da previdência privada, mas parte das reservas se espraia, cada vez mais, para aplicação em outras opções de renda fixa e, principalmente, no mercado de renda variável.   "De 2006 para cá, com a tendência de queda dos juros e valorização das ações, os investidores passaram a procurar cada vez mais opções fora da renda fixa, como o mercado de renda variável, principalmente as ações, comenta o consultor Eduardo Bom Angelo, da área de gestão de previdência privada.   Embora no mercado de previdência privada exista ainda resistência às ações na carteira, pelo risco que a renda variável representa, o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Antonio Cássio dos Santos, diz que eles se combinam. "Ambos, os planos de previdência e a renda variável, têm visão de longo prazo, portanto os dois combinam, se completam." A previdência privada pode aplicar até 49% dos recursos em ações.   Qualquer que seja o rumo tomado - as aplicações de renda fixa ou de renda variável -, o dinheiro depositado pelo investidor nos planos de previdência contribuirá para capitalizar as empresas que negociam ações na Bolsa ou para financiar projetos de longo prazo do governo.   "A previdência é sempre um investimento de longo prazo com liquidez de curto prazo", diz Cássio dos Santos. "A previdência privada gera poupança de longo prazo que, como fonte de financiamento do governo, possibilita o alongamento do perfil dos títulos da dívida pública."   De fato, títulos públicos com vencimento em 2020, 2030 e 2040 têm como principais clientes os fundos de previdência privada. Prazos de vencimento mais longos dão folga ao caixa do Tesouro e facilitam a administração da dívida pública. Se prazos mais longos de vencimento dos títulos públicos possibilitam melhor gestão da dívida pública, quem compra um plano de previdência também é beneficiado por esses papéis em carteira. Mantidas as condições de estabilidade econômica, do lado do aplicador significa a garantia de remuneração atraente por mais tempo, já que a tendência é ainda de recuo de juros.   O volume de reservas ou estoque de recursos da previdência privada aberta está em R$ 115 bilhões e a previsão da Fenaprevi é que engorde mais R$ 10 bilhões e vire o ano em R$ 125 bilhões. Pouco. "É muito dinheiro para pouco tempo de vida da previdência privada, que ganhou impulso só depois da estabilização econômica", analisa Cássio dos Santos.   Números no mundo   O interesse pela previdência privada tem aumentado a participação das reservas desse mercado em relação ao PIB, de R$ 2,3 trilhões em 2006, de acordo com as contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas esse porcentual, de cerca de 5,5% do PIB, ainda é baixo, comparado com outros países. Nos Estados Unidos, o estoque de recursos da previdência privada chega a 80% e, no Chile, a cerca de 60% do PIB.   Nos EUA, não apenas pelo volume como pelas condições macroeconômicas, a poupança acumulada pela previdência privada é o grande instrumento financiador da expansão econômica. No Brasil, em que a economia é bastante peculiar, sobretudo do ponto de vista fiscal, os recursos ainda são aplicados indiretamente no financiamento do crescimento econômico. Mas contribuem com ampliação de recursos em várias frentes de investimento, inclusive programas sociais e de educação.

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