RIO - As pessoas pobres no Brasil não vivem apenas com pouco dinheiro, mas as condições de vida em suas casas também são piores do que a média, revela a Síntese de Indicadores Sociais 2017, estudo divulgado nesta sexta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média nacional, 62,1% dos brasileiros vivem em domicílios que possuem acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico (abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial e coleta direta ou indireta de lixo). Entre os 52 milhões de brasileiros que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, uma das linhas de pobreza do Banco Mundial, 40,4% vivem em domicílios com esses três serviços.
Com essa abordagem, o IBGE procurou tratar a pobreza de forma “multidimensional”. “A pobreza é multidimensional, mas o dinheiro é uma unidade de medida. É mais difícil medir acesso a serviços”, afirmou Leonardo Queiroz Athias, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.
O estudo também mediu quatro “inadequações” das moradias (ausência de banheiro ou sanitário de uso exclusivo dos moradores; paredes externas do domicílio construídas predominantemente com material não durável; adensamento excessivo, ou seja, a presença de um número de moradores superior ao adequado no domicílio; e ônus excessivo com aluguel, ou seja, quando o gasto com aluguel iguala ou supera 30% do rendimento).
No conjunto da população, 12% moram em domicílios com ao menos uma dessas inadequações. Entre os que ganham abaixo de US$ 5,50 ao dia, são 26,2%. O destaque é o “adensamento excessivo”: na média nacional, 5,7% da população vivem nessas condições, enquanto entre os mais pobres são 14,2%.