PUBLICIDADE

Polêmica adesão da Venezuela marcará Cúpula do Mercosul

Embora a incorporação plena da Venezuela ocorra em um longo prazo, durante o qual não terá voto dentro do Mercosul, a associação do quinto produtor de petróleo do mundo gera dúvidas em meios políticos e comerciais. Mercosul

Por Agencia Estado
Atualização:

A Cúpula do Mercosul, que começará amanhã em Montevidéu, tenta definir hoje sua agenda em meio a uma polêmica pelo início do processo de incorporação da Venezuela como membro pleno do bloco. Amanhã, chegarão ao Uruguai oito chefes de Estado: os quatro dos países-membros do Mercosul e os de Venezuela, Chile, Bolívia e Peru, associados de livre comércio. Equador e Colômbia, também associados, serão representados por seus respectivos vice-presidentes. O Conselho do Mercosul, integrado pelos chanceleres de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, definirá hoje a agenda, incluindo temas como o "anel energético", o fundo de compensações, a criação do Parlamento do bloco e a entrada da Venezuela como membro pleno. Embora a incorporação plena da Venezuela ocorra em um longo prazo, durante o qual não terá voto dentro do Mercosul, a associação do quinto produtor de petróleo do mundo gera dúvidas em meios políticos e comerciais. O Governo de Caracas deverá aplicar as tarifas do Mercosul, que é uma união aduaneira dos quatro países fundadores e membros plenos, e, ao mesmo tempo, abandonar a Comunidade Andina de Nações (CAN). Isso significa a retirada da Venezuela dessa união aduaneira, que tem uma tarifa externa comum de 20%, para adotar a tarifa do Mercosul, que é de 35%. Decisão política A entrada da Venezuela como membro pleno na Cúpula de Montevidéu é uma decisão política que ainda tem que superar um longo caminho de acordos tarifários e comerciais, aprovados após a fundação do bloco com o Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991. Os técnicos sustentam que o abandono da CAN pela Venezuela, para adotar as normas do Mercosul, incluindo os protocolos e decisões internas, levará um período de dois a três anos. O própria chanceler uruguaio reconheceu que a entrada da Venezuela é um assunto mais de caráter político do que econômico. O subdiretor de Integração e Mercosul, Nelson Fernández, assinalou que a entrada da Venezuela "não é uma incorporação simples". Além desses problemas, há também as preocupações de empresários e produtores pela forma como a Venezuela abordará as obrigações do Mercosul. Posição brasileira Os empresários brasileiros expressaram seus temores de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tente utilizar o Mercosul para "aumentar sua influência" no continente. "A Venezuela é um país que interessa ao Mercosul, mas não queremos que o bloco seja utilizado como trampolim político, para bravatas contra os EUA e a União Européia", disse Roberto Giannetti da Fonseca, da Federação de Indústrias de São Paulo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.