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Polêmica sobre Amazônia ganha espaço e pode causar reação de empresas

Executivo chefe para as Américas da consultoria Control Risks, Bill Udell afirma que risco ambiental está no radar de companhias que investem ou pretendem investir no Brasil

Por Bárbara Nascimento
Atualização:

A exposição que os dados sobre o aumento de desmatamento na Amazônia ganhou no exterior coloca o risco ambiental na lista de problemas no radar das empresas que investem ou pretendem ingressar no Brasil. Especialista em risco, o executivo chefe para Américas da Control Risks , Bill Udell, avalia em entrevista ao Estadão/Broadcast que, se continuar a avançar, o ruído pode provocar reações econômicas por parte de grandes companhias, pesando contra a economia brasileira.

“Não sei se as empresas já estão no ponto de tomar uma decisão econômica com a intenção de marcar uma posição. Mas há definitivamente uma percepção, na sociedade, de que as empresas se importam com a Amazônia de uma forma com a qual não se importam com outros assuntos. E acho que, se o risco continuar ou piorar, isso poderia gerar impactos negativos para a economia”, pontuou.

Dados sobre o aumento de desmatamento na Amazônia ganharam destaque no exterior Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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Ele pondera que, como o assunto ainda é novo no radar e há uma série de outras “distrações” no cenário de riscos para as companhias americanas, as empresas provavelmente ainda estão em compasso de espera pelas próximas reações do governo brasileiro em relação ao tema. “Acho que uma forma de ver é que essa crescente publicidade e pressão pode mudar políticas. Senão, pode criar um problema. Não acho que isso esteja acontecendo agora, mas pode acontecer”, disse.

Para Udell, o Brasil é um país de risco médio no cenário global. Ele considera que, avaliar investimentos aqui, as empresas levam em conta sobretudo problemas como corrupção, regulatórios, de segurança e político .

O executivo destaca que há uma expectativa positiva frente a uma postura mais amigável ao empresariado por parte do governo e em relação aos efeitos da reforma da Previdência, mas acredita que o histórico do País leva as companhias a serem cautelosas. “Há entre companhias americanas um senso de que houve muitos inícios e paradas quando o assunto é Brasil. Há cenários de muito otimismo e algo acontece e freia as coisas. Então há muita cautela”, disse.

Ele aponta que o "risco corrupção" para as empresas se instalarem no Brasil ainda é alto e que o problema de credibilidade sofrido por empresas que estiveram no centro da Operação Lava Jato, como a Petrobrás, ainda não está completamente resolvido, mas afirma que essa questão já está mudando. “Há um percepção maior de que o Brasil está no caminho certo no combate à corrupção e isso beneficia as empresas que estiveram no coração da investigação”, disse.

Guerra comercial no radar

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Sobre o acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o executivo diz que o Brasil poderia até se beneficiar, à medida em que tenha capacidade de preencher algum espaço comercial deixado por um dos dois países, mas deixa claro que, em uma briga entre as duas maiores potências do mundo, toda a economia global seria arrastada. “Se a disputa se aprofundar, acho que esses possíveis espaços (para o Brasil no comércio global) não vão ter importância”, disse.

No curto prazo, ele destaca o impacto para o setor de tecnologia e cita as disputas em torno da gigante chinesa Huawei. “As corporações estão no meio disso. (A guerra comercial) Vai se manifestar como crise para algumas empresas. Ainda não aconteceu, em uma visão tradicional, mas há muita cautela no mundo”, disse.

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