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Polícia recupera parte do dinheiro do caso Santander

Por Agencia Estado
Atualização:

Os três ex-operadores do Banco Santander, acusados de realizar operações fraudulentas que causaram um desfalque de pelo menos US$ 1,9 milhão na tesouraria do banco, viviam "uma vida de ricos", que estavam muito acima de suas posses reais, afirmou nesta segunda feira o delegado Rui Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), da Polícia Civil de São Paulo. Na casa de um dos ex-operadores, Roberto Cantoni Rosa, a polícia apreendeu sete escrituras de imóveis adquiridos recentemente e a chave da caixa de um banco, onde foram encontrados US$ 500 mil. Os outros dois, Marcos Airon Leão Luz e Lincoln Dias Miranda, também adquiriram recentemente imóveis e estabelecimentos comerciais, pelo menos um de grande porte. "O que eles vinham gastando estava muito acima de sua renda declarada, que não passava de R$ 5 mil mensais", disse o delegado. Os três estão presos desde quarta-feira da semana passada, depois que a Justiça decretou a prisão temporária dos ex-operadores. Segundo a polícia, os três operadores juntamente com uma corretora de valores de São Paulo, cujo nome é mantido em sigilo pela polícia, fraudavam as comissões cobradas pelo banco em operações de swap (troca de títulos) e embolsavam a diferença. "Eles fechavam, por exemplo, uma operação onde cobravam do cliente uma comissão de 10%, mas no fim do dia contabilizavam na ´mesa de balanço´ uma comissão de apenas 9%. O 1% restante, que deveria ir para a tesouraria do banco, ficava com a corretora, que depois distribuía entre o grupo", relata o delegado. As comissões, contabilizadas como custos das operações, chegam a variar vários pontos percentuais ao longo do dia. Eles são feitas, por telefone, entre os operadores do banco, a corretora e o cliente. "Como no mesmo dia existiam várias operações fechadas a 9%, o banco demorou a perceber a fraude", diz Ferraz Fontes. Assim que desconfiou de seus operadores, no final do ano passado, o Santander contratou um empresa de auditoria que descobriu as fraudes. "As fraudes só foram descobertas porque, por determinação do Banco Central, todos os telefonemas de contratação das operações devem ser gravados", lembra o delegado. "O simples confronto das gravações com os valores contabilizados por eles no final do dia ofereceu as provas", completou. No início de dezembro, o Santander demitiu os operadores e os denunciou à polícia, que investigou todas as operações feitas pelos três e pela corretora durante o ano de 2001. "Descobrimos que 18 delas haviam sido fraudadas", diz Ferraz Fontes. O delegado não descarta a possibilidade de que o rombo seja maior e nem do envolvimento de outras corretoras na fraude. "Há indícios disso, mas ainda estamos em fase de investigação", antecipou ele. O dono da corretora, com prisão temporária decretada pela Justiça desde segunda feira da semana passada, está foragido. A corretora, segundo o delegado, continua operando normalmente. Assim que o inquérito for concluído, o que o Fontes Ferraz espera fazer nos próximos cinco dias, a Bolsa de Mercados e Futuro (BM&F) será comunicado para que tome as medidas cabíveis contra a corretora. Os três operadores e o dono da corretora serão indiciados por estelionato ? com penas que variam de 1 a 4 anos ? e formação de quadrilha ? com penas entre 2 a 6 anos. Os três ainda não foram formalmente ouvidos pela polícia e não confessaram o crime.

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