
05 de abril de 2016 | 05h00
Trabalhadores da Mabe, dona da marca de fogões Dako e de geladeiras Continental, em Hortolândia (SP), foram retirados pela Polícia Militar de dentro da empresa no domingo, após um mês e 18 dias de ocupação. A invasão ocorreu em 15 de fevereiro, após a Justiça ter decretado falência da empresa e os quase 2 mil trabalhadores, incluindo o pessoal da unidade de Campinas, ambas no interior de São Paulo, terem sido demitidos.
Com salários atrasados desde dezembro e sem receber rescisões, um grupo permaneceu dentro das duas fábricas. A de Campinas continua ocupada, mas a empresa responsável pela massa falida, a Capital Administradora Judicial, aguarda decisão da Justiça para também desocupar essa unidade.
Ocupação da Mabe já dura um mês
“Policiais que estavam no helicóptero desceram por uma corda no meio da fábrica e outros, fortemente armados, vieram pelos fundos e pela frente; não houve qualquer reação”, diz Freitas, que é funcionário da unidade de Hortolândia desde sua inauguração, em 1997.
Quando os trabalhadores já estavam do lado de fora da fábrica houve um tumulto e a polícia os dispersou com gás de pimenta. “Foi muita truculência”, diz o presidente do sindicato, Sidalino Orsi Júnior.
Parte dos trabalhadores segue acampada, agora em frente aos portões da fábrica, que está cercada por seguranças particulares contratados pela Capital.
A administradora da massa falida informa que haverá audiência na segunda-feira, no Ministério Público do Trabalho, em Campinas, entre a empresa e o sindicato para discutir questões que envolvem falência, direitos e deveres de cada parte.
A Capital já havia apresentado à Justiça um plano de continuidade para os ativos da massa falida, mas alega que terá de revisar o processo em razão do tempo em que a empresa ficou ocupada.
O grupo mexicano Mabe deve R$ 19,2 milhões para credores, R$ 4,5 milhões para fornecedores e R$ 19,1 milhões em encargos trabalhistas. A Capital pretendia inicialmente retomar a produção com cerca de 550 funcionários nas duas fábricas para tentar fazer caixa.
O sindicato, contudo, quer a volta de todos os funcionários – muitos deles com estabilidade, pois são portadores de doenças profissionais. Também reivindica o pagamento integral das rescisões para quem quiser deixar a empresa. “Tem gente com mais de 20 anos de trabalho; como vai sair sem receber os direitos?”, afirma Freitas.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.