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Política econômica atual é diferente da anterior, diz secretário

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, disse hoje que a condução da política econômica do atual governo é diferente em relação à gestão anterior. "Devemos ter cuidado na avaliação da política econômica para não colocar todos os gatos como pardos", disse. Segundo ele, de 1994 a 2002 os gastos correntes do governo foram financiados por meio do aumento da dívida e da carga tributária e o ajuste era feito por receitas de caráter temporário, como as contribuições, ou receitas extraordinárias. "Agora, neste governo, fizemos pela primeira vez um ajuste efetivamente com corte de gastos e sustentável", afirmou. Como exemplo, ele citou um estudo da Fazenda que mostra que se o governo FHC tivesse adotado uma meta de superávit primário de 3,5% do PIB nos seus oito anos de gestão, a relação dívida/PIB estaria hoje em 27,8%, metade do nível atual. Além disso, a volatilidade da política monetária nesses anos todos teria sido outra se o governo tivesse utilizado uma política fiscal sustentável. Lisboa também defendeu o regime de metas inflacionárias, lembrando que políticas monetárias discricionárias só podem ser adotadas em economias nas quais o Banco Central conta com uma boa credibilidade. "A política econômica no Brasil tem de reconstruir sua credibilidade", disse o secretário. Ele citou as inúmeras "surpresas" que os agentes econômicos tiveram ao longo de décadas. Lisboa disse que não é apenas a magnitude da mudança nos juros que afeta o nível de atividade econômica, mas a própria mudança em si. "A direção da política monetária também tem esse impacto na atividade", afirmou. O secretário afirmou ainda que o enfrentamento dos problemas sociais é parte central do programa econômico do governo federal. Sem fazer qualquer menção à focalização ou não dos programas, Lisboa explicou que os trabalhos nesse sentido não devem se concentrar apenas no aumento da renda, mas também na sua melhor distribuição. "Não basta o crescimento, é preciso reduzir a desigualdade", disse. Segundo ele, para uma redução de 10% da chamada extrema pobreza basta diminuir a desigualdade social também em 10%. "Já com o crescimento econômico, essa mesma redução seria alcançada apenas com crescimento de 3% na renda per cápita durante 25 anos", explicou. Lisboa também disse que a política econômica "não se exaure na política fiscal" e que é fundamental a identificação de áreas estratégicas que tenham deficiências e ainda o aumento da eficiência dos gastos públicos. "A política fiscal deve ser complementada com políticas em outras áreas, que permitam abrir espaço para o crescimento econômico sustentado", afirmou.

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