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Política industrial será mais ampla

Proposta da nova diretriz, que poderá ser conhecida em 30 dias, é estimular inovação em setores tradicionais

Por Nilson Brandão Junior
Atualização:

A nova política industrial, que poderá ser definida em 30 dias, ampliará o raio de ação da atual, em vigência desde 2004. O estudos abrangem estímulos à inovação em setores tradicionais da economia, inclusão de linhas de ação específicas para novas áreas, como o etanol, e estímulos a operações de fusões e aquisições capitaneadas por empresas nacionais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será o principal financiador desses mecanismos. Essas são algumas das principais mudanças que virão junto com a nova política industrial, segundo uma fonte do governo que acompanha o assunto. A idéia é partir para uma política mais abrangente do que a colocada em execução no início do atual governo. Naquele período, foram eleitos quatro segmentos como prioritários: máquinas e equipamentos, fármacos, software e semicondutores. Especialistas em desenvolvimento e no setor industrial têm criticado a primeira etapa da política por ser muito focada e ter sido estruturada em outro ambiente da economia mundial e brasileira. ''''Acho que a primeira etapa da política industrial é incompleta e extemporânea. Ela está sendo superada pelos fatos com muita rapidez'''', analisa o especialista em indústria do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) David Kupfer. Anteontem, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, comentou que gostaria que o desenho definitivo da nova política estivesse pronto até o fim deste mês. No mesmo dia, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, comentou que o projeto seria apresentado ao presidente Lula dentro de um mês. Ambos evitaram dar detalhes sobre o projeto, mas indicaram que o governo poderia usar o bom momento do mercado de capitais para ajudar a financiar as empresas e que a nova política apostaria em inovação, usando, também, instrumentos tributários e financeiros. Uma fonte do governo confirma que a estratégia é dotar os setores tradicionais de maior capacidade de investimento em inovação. A idéia básica, argumenta a fonte, é que as empresas nacionais consigam agregar valor e tecnologia aos seus produtos. Também são esperadas medidas voltadas ao setor automotivo. Kupfer alerta que a política deveria aproximar os setores mais de ponta da indústria nacional do mercado internacional e aproveitar o avanço da demanda interna para capacitar melhor os setores tradicionais. Ele defende a necessidade de colocar a política ''''em sintonia com o momento atual''''. Segundo ele, o câmbio baixo vem estimulando a importação de insumos e de produtos finais dos segmentos escolhidos pela política anterior. O BNDES já tem uma carteira ao redor de R$ 7 bilhões nos segmentos de máquinas e equipamentos, fármacos e software. O maior volume de liberações foi nas duas versões do Modermaq, voltado ao setor de máquinas e equipamentos, no total de R$ 5,122 bilhões. No programa de fármacos (Profarma), os financiamentos somam R$ 1,026 bilhão e no de software (Prosoft), R$ 832 milhões. A política industrial também conta com recursos como os dos fundos setoriais do Ministério de Ciência e Tecnologia. COLABOROU ADRIANA CHIARINI FINANCIAMENTO R$ 7 bilhões é o total da carteira que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem nos segmentos que estão no foco da atual política industrial: máquinas e equipamentos, fármacos e software R$ 5,122 bilhões do volume total refere-se a liberações para as duas versões do Modermaq, voltado ao setor de máquinas e equipamentos

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