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Política prevaleceu sobre a técnica nas parcerias da Petrobrás, diz Lula

Presidente usou exemplos da atuação da estatal na Bolívia e na Venezuela em discurso sobre integração regional

Por Denise Chrispim Marin , Ariel Palacios e MONTEVIDÉU
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro ontem que a "vontade política" prevaleceu sobre as conclusões técnicas nas recentes decisões da Petrobrás de firmar acordos com a Petróleos de Venezuela (PDVSA) e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). A adoção desse princípio na tomada de decisões estratégicas da Petrobrás, empresa mista com ações cotadas em bolsas de valores, foi exposta pelo presidente em seu discurso na 34ª Reunião de Cúpula do Mercosul. Para Lula, o ponto de vista político deve se sobrepor às conclusões técnicas e burocráticas também nas decisões sobre a integração regional. Os dois casos de parcerias da Petrobrás foram destacados pelo presidente como exemplos ao Mercosul. Conforme relatou, o impasse técnico em torno do acordo entre a Petrobrás e a YPFB, que prevê investimento de US$ 750 milhões a US$ 1 bilhão da estatal brasileira na expansão da produção de gás natural na Bolívia, somente foi superado depois de uma ordem sua e do presidente boliviano Evo Morales, no último dia 17. De fato, as negociações haviam sofrido reveses no último fim de semana, até que a estatal boliviana concordou com a inclusão de cláusula que garantirá à Petrobrás o direito de vender a maior parte da produção adicional ao exterior, a preços cinco vezes maiores que os cobrados no mercado boliviano. "Eu e Evo chamamos as duas empresas e, em 10 minutos, elas fizeram o acordo", contou Lula a seus colegas do Mercosul. "O tempo da política não é o tempo do técnico", completou, queixando-se de que os burocratas passam a impressão de que "amam" as empresas mais que os presidentes. PELA METADE No caso da Venezuela, no dia 13, Lula e Chávez também tiveram de "mandar" a Petrobrás e a PDVSA resolver as pendências que impediam a criação de duas companhias mistas - uma para construir e operar a Refinaria Abreu de Lima, em Pernambuco, e a outra para explorar e produzir petróleo nas jazidas venezuelanas de Carabobo1, na faixa do Rio Orinoco. Ao fim da tensa reunião dos presidentes em Manaus, em setembro, ficara definida a assinatura dos atos de criação das empresas no encontro de dezembro. Mas, como o próprio Lula relatou ontem, os trabalhos não estavam concluídos quando chegou ao Palácio Miraflores, em Caracas, na manhã de quinta-feira passada. "Quando chegamos lá, nem a PDVSA nem a Petrobrás estavam de acordo. Precisamos chamar (os presidentes das empresas) e dizer que tinham um acordo a cumprir", contou Lula. "Mandamos resolver." Como Lula reconheceu, "faltou uma metade" do acordo, que deverá ser resolvido até março de 2008, quando novamente ele e Chávez terão novo encontro bilateral. A Petrobrás decidiu não se comprometer com a PDVSA, por enquanto, na exploração de petróleo do bloco Carabobo 1. Manteve apenas uma "opção de participação" no projeto, "enquanto conclui os estudos técnicos e econômicos pertinentes". Não está claro, porém, qual peso terá a "vontade política" na decisão final da Petrobrás. A estatal brasileira, naquela ocasião, manteve apenas a parceria com a PDVSA para a formação da empresa que tocará a obra da Refinaria Abreu de Lima.

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